Países do G-20 respondem por 78% de todas as emissões de CO2, revela estudo BR

Mas grupo também é elogiado pelos esforços de mitigação; com atuais compromissos, mundo caminha para um aumento de temperatura de 3.2°C; redução de emissões tem de ser 7,6% ao ano na década de 2020 a 2030; quatro principais emissores são China, União Europeia, Índia e Estados Unidos.
No próximo ano, em 2020, países que firmaram o Acordo de Paz sobre Mudança Climática devem se reunir, em Glasgow, na Escócia, para fortalecer compromissos com o tratado.
Para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, um grupo de países que pode fazer a diferença na redução de emissões de dióxido de carbono, CO2, é o G-20, que reúne as 20 maiores economias do mundo.
O G-20 responde também por 78% de todas as emissões de CO2. E para alcançar a meta do Acordo de Paris, de manter o aumento das temperaturas em até 2%, será preciso realizar um corte de 7,6% nos níveis de emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Esta queda precisa ocorrer já na próxima década de 2020 a 2030.
O Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2019 afirma que, mesmo que todos os compromissos atuais sob o Acordo de Paris sejam implementados, as temperaturas deverão subir 3.2°C, com impactos climáticos maiores e destrutivos.
Para alcançar a meta de 1.5°C, é preciso aumentar em mais de cinco vezes em relação aos níveis atuais para proporcionar os cortes necessários na próxima década.
Os quatro principais emissores de CO2 são China, União Europeia, Índia e Estados Unidos com mais de 55% do total de emissões da última década excluindo as alterações do uso do solo.
O relatório analisa os países do G-20, refletindo a importância dessas nações nos esforços globais de mitigação. Juntos, eles são responsáveis por 78% de todas as emissões. Apenas cinco membros do grupo se comprometeram com uma meta de emissões zero a longo prazo.
Uma atenção especial é dada a sete membros do G-20: Argentina, Brasil, União Europeia, Índia, Japão e Estados Unidos. Juntos, eles concentraram cerca de 56% das emissões globais em 2017.
No caso do Brasil, o relatório destaca o que chama de “tendência recente de aumento do desmatamento”. Ali, as emissões de CO2 estariam pelo menos 15% acima da meta de redução.
Os autores do estudo observam que após a forte queda nas taxas de desmatamento entre 2004 e 2012 (de 18.900 km2 para 4.656 km2), a taxa teria voltado a crescer para 7.900 km2 em 2018 com mais de 70% de aumento.
O relatório acrescenta que números preliminares indicam que no primeiro semestre de 2019 esses índices continuaram a aumentar em relação ao mesmo período de 2018.
O estudo também cita medidas do governo sobre grandes reduções de orçamento no Ministério do Meio Ambiente para atividades relacionadas às mudanças climáticas. Mesmo assim, o país avança no setor de energias renováveis. A evolução do mercado entre 2015 e setembro de 2019 teria favorecido as energias renováveis em detrimento dos combustíveis fósseis.
Os autores do relatório informam que a primeira concessão para o setor de transporte ferroviário em 10 anos foi um passo positivo do presidente do país, Jair Bolsonaro.
O projeto permite que a carga seja transportada do Centro-Oeste e siga para os Porto de Itaqui, no norte do Brasil, e o Porto de Santos, no sudeste. O governo federal planeja aumentar significativamente a parcela que o transporte ferroviário constitui nos próximos oito anos, de 15% para 29%.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em Glasgow, quer evitar uma crise maior. O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que "por 10 anos, o relatório sobre a Lacuna de Emissões tem soado o alarme, e por 10 anos o mundo só aumentou suas emissões." Para ele, "nunca foi tão importante dar ouvidos à ciência.”
O chefe da ONU alertou que ao não observar esses avisos e tomar medidas drásticas para reverter as emissões implica que o mundo continuará “a testemunhar ondas de calor mortais, tempestades e poluição catastróficas”.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Ipcc, alertou que se a temperatura ultrapassar 1.5°C, a frequência e a intensidade dos impactos climáticos, como as ondas de calor e tempestades vistas em todo o mundo, nos últimos anos, aumentarão.
A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, disse que por causa do “fracasso coletivo em agir cedo e com firmeza” será preciso agora “realizar grandes cortes nas emissões, de mais de 7% ao ano" durante a próxima década.
Para ela, “isso mostra que os países simplesmente não podem esperar até o final de 2020”, quando serão necessários novos compromissos climáticos, para intensificar suas ações. Ela afirma que todos os países, cidades, regiões, empresas e indivíduos “devem agir agora”.
No curto prazo, o relatório aponta que os países desenvolvidos terão que reduzir suas emissões mais rapidamente que os países em desenvolvimento, por razões de justiça e equidade. No entanto, todos os países precisarão contribuir mais para os efeitos coletivos.
Os países em desenvolvimento podem aprender com os esforços bem-sucedidos nos países desenvolvidos e podem até ultrapassá-los e adotar tecnologias mais limpas em um ritmo mais rápido.
O relatório diz que, em 2020, todas as nações precisam aumentar substancialmente a ambição em suas CNDs, como são conhecidas as Contribuições Nacionais. Também será preciso acompanhar políticas e estratégias para implementá-las.
A cada ano, o relatório do Pnuma avalia a diferença entre as emissões previstas para 2030 e os níveis consistentes com as metas de 1.5°C e de 2°C do Acordo de Paris. O relatório constata que as emissões de Gases de Efeito Estufa aumentaram 1,5% ao ano na última década.
As emissões em 2018, incluindo as mudanças no uso da terra, como o desmatamento, atingiram uma nova alta de 55,3 gigatoneladas de CO2.
De acordo com o relatório, as mudanças do clima ainda podem ser limitadas a 1.5°C. Há uma maior compreensão dos benefícios adicionais da ação climática, como ar limpo e o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs. Existem também muitos esforços ambiciosos de governos, cidades, empresas e investidores.
Como ocorre todos os anos, o relatório concentra-se no potencial de setores específicos para proporcionar cortes de emissões.
Em 2019, a analisa foca-se na transição energética e no potencial de eficiência no uso de materiais, o que pode ajudar bastante a diminuir o déficit de emissões.