Agência da ONU aposta em força das comunidades para combater HIV/Aids
Relatório divulgado pelo Unaids para marcar o Dia Mundial de Combate à Aids, em 1º de dezembro, revela que número de infecções baixa quando cidadãos e comunidades afetadas participam de decisões sobre serviços e prevenção ao vírus.
Um novo estudo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, revela que novas abordagens, como medicamentos de prevenção e drogas que reduzem a carga viral, estão dando poder de escolha e decisão às pessoas que vivem com HIV.
O documento, que cita exemplos do Brasil e de Moçambique, indica que quando pessoas e comunidades afetadas pelo HIV participam de decisões sobre tratamento e prevenção, o número de novas infecções baixa e o de acesso a antirretrovirais sobe.
UNAIDS Executive Director @Winnie_Byanyima launched the #WorldAIDSDay report today and outlined her vision for ending AIDS: - Fight inequality & poverty- Achieve gender equality- Guarantee human rights- Ensure funding & resourcesRead her speech 👉🏿 https://t.co/zNP40VZqL1 pic.twitter.com/pProtKSh1B
UNAIDS
Mudanças
O relatório “Poder para as pessoas” foi divulgado, no Quênia, como parte das comemorações do Dia Mundial de Combate à Aids, marcado neste domingo, 1º de dezembro.
No lançamento em Nairóbi, no Quênia, a diretora-executiva do Unaids, Winnie Byanyima, disse que “quando pessoas e comunidades têm poder de decidir, as mudanças acontecem."
Ela afirmou que a solidariedade de mulheres, jovens, gays, profissionais do sexo, usuários de drogas e transgêneros transformou a epidemia de Aids. Segundo ela, “dar-lhes mais poder acabará com a epidemia."
Progressos
O relatório destaca grandes progressos, especialmente, no acesso ao tratamento. Em meados de 2019, cerca de 24,5 milhões das 37,9 milhões de pessoas que viviam com HIV estavam sendo tratadas.
A secretária da Saúde do Quênia, Sicily Kariuki, disse que "a parceria entre governo e sociedade civil e o envolvimento significativo das comunidades permitiu reduzir significativamente novas infecções e mortes relacionadas à Aids."
O progresso na redução de infecções é misto.
No ano passado, 1,7 milhão de pessoas foram infectadas. Na África Oriental e Austral, a região mais atingida pela epidemia, houve uma queda de 28% entre 2010 e 2018.
Mas o aumento de novas infecções é “uma preocupação crescente” em algumas regiões. O número subiu 29% na Europa Oriental e na Ásia Central, 10% no Oriente Médio e Norte da África e 7% na América Latina.
Para a chefe do Unaids, “a desigualdade de gênero e a negação dos direitos humanos estão deixando muitas pessoas para trás."
Poder de escolha

A pesquisa diz que mulheres e meninas estão exigindo métodos contraceptivos, testagem e mais opções de prevenção e assistência. Na África Subsaariana, quase 40% das mulheres adultas e 60% das adolescentes não têm acesso a métodos de contracepção moderna.
Conhecer seu status permite às pessoas se manterem livres do vírus ou permanecerem saudáveis, quando soropositivas. Apesar disso, as vítimas estão descobrindo seu status demasiado tarde, levando a um atraso no início do tratamento e facilitando a transmissão.
Homens, geralmente, descobrem mais tarde que mulheres que têm o HIV.
Em Moçambique, por exemplo, os homens apenas descobrem seu diagnóstico quatro anos após a infecção. Nesse país, menos de 25% dos jovens entre os 15 e os 24 anos conhece seu status no primeiro ano após a infeção. A proporção é um pouco maior entre os homens com mais de 25 anos, com um em cada três recebendo o diagnóstico logo no primeiro ano.
Prevenção
Medicamentos de profilaxia pré-exposição, conhecidos como PrEP, são uma opção cada vez mais popular. No início de 2019, pelo menos 20 países em todo o mundo tinham programas de PrEP. Outros 40 estavam realizando projetos piloto.

Os Estados Unidos lideraram o mundo na sua implantação, com mais de 130 mil usuários. Na Europa Ocidental e Central, 55 mil pessoas têm acesso.
Até o final de 2018, mais de 30 mil pessoas tinham usado PrEP pelo menos uma vez nos últimos 12 meses no Quênia. O mesmo tinha acontecido com mais de 8 mil pessoas no Brasil.
O relatório afirma que a expansão deste recurso “exige que os países resolvam questões regulatórias e outras barreiras que estão parando as pessoas que querem usar PrEP.”
Crianças e jovens
A pesquisa diz que, em muitas regiões, o nível de conhecimento sobre HIV entre os jovens é “assustadoramente baixo”.
Nos países com dados sobre o tema, apenas 23% das mulheres jovens e 29% dos jovens do sexo masculino têm conhecimentos completos e corretos.