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Centenas sob risco de contrair ebola na RD Congo após contato com motociclista morto pela doença BR

Vítimas do ebola enterradas no cemitério Kitatumba, no Butembo, no leste da República Democrática do Congo.
ONU/Martine Perret
Vítimas do ebola enterradas no cemitério Kitatumba, no Butembo, no leste da República Democrática do Congo.

Centenas sob risco de contrair ebola na RD Congo após contato com motociclista morto pela doença

Saúde

Organização Mundial da Saúde, OMS, está preocupada com efeito multiplicador de contágio; agência da ONU diz que insegurança atrapalha trabalho; desde agosto de 2018, doença matou 2.197 pessoas no país africano.

As conquistas na luta contra o surto de ebola na República Democrática do Congo estão em risco após a morte de um motociclista com a doença.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou que mais de 200 pessoas tiveram contato com a vítima, muitas delas durante uma cerimônia póstuma.

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Colegas e amigos

Falando a jornalistas, em Genebra, o diretor do Programa de Emergências da OMS, Mike Ryan, contou que o paciente era de Oicha, na província Kivu Norte, e antes de ser diagnosticado, ele passou por três centros de saúde podendo ter transmitido o vírus.

Segundo um médico da OMS, “um grande número de colegas e amigos da comunidade esteve em contato com o corpo”, e por isso, o vírus pode chegar a outras regiões como Kalunguta, Mandima, Mabalako e Beni.

Mike Ryan afirmou que dentre as pessoas que tiveram contato com o paciente, "62 são considerados de risco extremamente alto em termos de exposição."

Até ao momento, 19 casos foram verificados. Ryan explica que os funcionários da agência “não têm acesso à comunidade, por isso apenas verificaram menos de um terço dos contatos de alto risco nos últimos dois dias."

Ataques

Com a situação de insegurança na RD Congo, e por causa de operações militares e grupos armados, o trabalho da OMS continua sendo dificultando, assim como os esforços de parceiros para alcançar comunidades em risco.

Ryan disse que “existe um novo cenário de transmissão ativa numa área com envolvimento militar.” Segundo ele, “todo mundo precisa levar isso em conta”, incluindo o governo, a missão da ONU no país, Monusco, e outras partes.

Surto

Desde agosto do ano passado, 2.197 pessoas morreram com o vírus e perto de 3,3 mil foram infetadas, o que representa uma taxa de mortalidade de 67%.

Na semana passada, apenas sete novos casos foram confirmados, refletindo a descida das últimas semanas. No pico do surto, em abril desse ano, mais de 120 pessoas contraíam o vírus semanalmente.

O diretor do Programa de Emergências da OMS afirmou, no entanto, que o ebola deve continuar ativo durante meses devido ao novo caso do motociclista.

Destacando o “progresso significativo” dos últimos três meses, ele afirmou que é preciso atuar rapidamente ou o país pode “voltar a uma situação muito ruim."