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Masculinidade tóxica contribui para menor expectativa de vida dos homens nas Américas BR

Homens têm duas vezes maior probabilidade de morrer com cirrose causada por consumo de álcool
OMS/Sergey Volkov
Homens têm duas vezes maior probabilidade de morrer com cirrose causada por consumo de álcool

Masculinidade tóxica contribui para menor expectativa de vida dos homens nas Américas

Saúde

Segundo um estudo da ONU, um em cada cinco homens não completará 50 anos, em parte devido a comportamentos associados às expectativas da sociedade; morrem duas vezes mais homens com cirrose hepática causada pelo álcool do que mulheres.

Os homens vivem quase 6 anos menos do que as mulheres na região das Américas, segundo um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas.

A pesquisa afirma que “as expectativas da sociedade contribuem para comportamentos de risco” por parte dos homens, colaborando para esta diferença em expectativa média de vida.

Expetativas

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O relatório destaca expectativas sociais de que os homens são provedores, sexualmente dominantes e evitam discutir suas emoções ou procurar ajuda, comportamentos conhecidos como "masculinidade tóxica".

Segundo a pesquisa, esses estereótipos estão contribuindo para maiores taxas de suicídio, homicídio, vícios e acidentes de trânsito, assim como doenças crônicas não transmissíveis.

Em nota, a chefe do escritório de Equidade, Gênero e Diversidade Cultural da Opas, Anna Coates, disse que "a socialização dos homens provoca uma ampla gama de problemas de saúde que só podem ser resolvidos por meio de políticas concentradas em suas necessidades particulares".

Comportamentos

Um em cada cinco homens morre antes dos 50 anos e muitas das principais causas de morte estão relacionadas com comportamentos socialmente construídos como masculinos, como doenças cardíacas, violência interpessoal e acidentes de trânsito.  

Segundo o relatório, as normas de gênero socialmente impostas aos homens reforçam a falta de cuidados pessoais e a negligência de sua saúde física e mental.

Isso não apenas afeta a saúde dos próprios homens, mas também leva a resultados negativos para mulheres e crianças, em termos de violência, transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, gravidez imposta e ausência de paternidade.

O relatório também destaca discriminação por idade, etnia, pobreza, status de emprego e sexualidade, dizendo que atuam em conjunto com esses resultados negativos para a saúde dos homens.

Diferenças

Nas Américas, as diferenças na mortalidade de homens e mulheres começam a surgir por volta dos 10 anos de idade e aumentam rapidamente a partir dos 15 anos.

Nessa altura, predominam causas violentas de morte, como homicídios, acidentes e suicídio. Como resultado, a taxa de mortalidade de homens jovens é cerca de 4 a 7 vezes maior que a de mulheres jovens.

Entre as principais causas de morte, os dados são muito semelhantes entre os dois gêneros para doença pulmonar obstrutiva crônica, infecções respiratórias e diabetes.

Em outras causas, no entanto, as diferenças são muito grandes. Por cada mulher que é vítima de homicídio, sete homens morrem da mesma forma. Por cada mulher que perde a vida na estrada, acontece o mesmo a três homens. Fora isso, a cirrose hepática causada pelo álcool mata duas vezes mais homens do que mulheres.

Doenças crónicas

A partir dos 50 anos, as doenças crônicas não transmissíveis começam a afetar desproporcionalmente os homens, que também cuidam menos da sua saúde ou procuram atendimento médico.

Como resultado, embora nasçam mais meninos do que meninas (105 meninos para cada 100 meninas), esse número começa a se inverter entre os 30 e os 40 anos. Entre as pessoas com mais de 80 anos, já existem 190 mulheres para cada 100 homens.

Recomendações

O relatório pede aos países que implementem nove recomendações para ajudar a melhorar a saúde dos homens.

Entre elas, estão melhor informação sobre masculinidades e saúde, políticas e programas públicos de saúde específicos e eliminação de barreiras que impedem meninos e homens de ter acesso a cuidados.