ONU discute criação de zona do Oriente Médio sem armas nucleares
Neste momento, existem cinco zonas regionais livres deste tipo de armamento; secretário-geral das Nações Unidas afirmou que impactos deste acordo “iriam muito além da região.”
Começou esta segunda-feira, em Nova Iorque, o primeiro encontro para discutir a criação de uma zona livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa no Oriente Médio.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu a reunião de cinco dias dizendo que os efeitos deste acordo “iriam muito além da região.”
Vantagens

Neste momento, existem cinco zonas regionais livres de armas nucleares: América Latina e Caribe, África, Ásia Central, Sudeste da Ásia e Pacífico Sul.
Guterres disse que estes tipos de acordos “colocam um fim permanente à possibilidade de conflito nuclear em uma determinada região.” Ao mesmo tempo, “podem fornecer garantias adicionais à comunidade global.”
O secretário-geral destacou a importância deste tipo de acordo para o Oriente Médio, dizendo que “a situação continua sendo uma preocupação séria para o mundo inteiro.” Além disso, “os civis estão pagando um preço arrasador” devido às ameaças deste armamento.
Obstáculos
O chefe da ONU destacou vários problemas, como o possível desenvolvimento de programas nucleares, a falta de responsabilização pelo uso de armas químicas e o que chamou de “sinais de competição ativa de armas”.
Segundo ele, uma discussão séria sobre o tema seria “uma oportunidade para os Estados da região iniciarem um diálogo sobre medidas que respondem às suas exigências de segurança.”
Segundo a ONU, todos os países do Oriente Médio foram convidados para a conferência, incluindo os cinco Estados com armas nucleares. António Guterres espera que a conferência seja o início de um processo inclusivo em que todos os países possam participar.
A conferência responde ao pedido de uma resolução da Assembleia Geral, aprovada em 2018.
Exemplo
Em 1962, semanas após a Crise dos Mísseis em Cuba, uma proposta semelhante foi apresentada, pela primeira vez, na Primeira Comissão da Assembleia Geral, pelos países da América Latina e Caribe.
O secretário-geral disse que “apesar das tensões e políticas da Guerra Fria, os países da região perseveraram e, em 1967, estabeleceram um arranjo flexível e durável, que serviu de modelo para todas as zonas que se seguiram.”
Agora, António Guterres diz que o acordo pode servir novamente de exemplo.
O chefe da ONU terminou oferecendo os serviços da sua alta representante para os Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, para ajudar “nesse importante esforço.”