Guterres quer jovens com mais poder para provocar mudanças
Secretário-geral pede maior protagonismo deste grupo na abertura da 40ª sessão da Conferência Geral da Unesco; chefe da ONU volta a alertar sobre divisões que ameaçam o mundo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou os desafios que os jovens enfrentam na abertura da 40ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
O chefe da ONU lembrou que um quinto deles não tem emprego, educação ou treinamento. Ele destacou que um quarto dos jovens sofre com violência ou situações de conflito e outros milhões de meninas menores se tornam mães.
Suicídio
O discurso apontou que o grupo enfrenta perseguição física e assédio online, que provocam altos níveis de estresse. Cerca de 67 mil adolescentes morrem devido ao suicídio ou automutilação todos os anos, lembrou o chefe da ONU.
Guterres realçou que essa geração poderá “enfrentar consequências arrasadoras” se não houver ação sobre a emergência climática, desigualdade e intolerância. Ele defende que a construção de um futuro melhor será com motivação, criatividade e inovação dos próprios jovens.
Para o secretário-geral, “aqueles que estão no poder ou têm ilusão de poder” não devem resolver os problemas dos jovens e sua tarefa é construir estruturas para que a juventude seja protagonista da solução de problemas.
Guterres disse que os jovens devem ser tratados “não como sujeitos a serem protegidos, mas como poderosos agentes de mudança”.
Rupturas
O secretário-geral destacou ainda que um mundo de rupturas e falhas não é sustentável. Ele lembrou de questões que apresentou horas antes da conferência da Unesco, quando apontou cinco rupturas que o mundo enfrenta.
Entre elas estão a divisão econômica, tecnológica e geoestratégica, a quebra do contrato social, a falta de solidariedade, a divisão entre o planeta e seus habitantes e o risco global de uma quebra tecnológica.
Na Unesco, o chefe da ONU enumerou o papel e potencial da agência para promover a inteligência artificial, ajudar o combate às mudanças climáticas, incentivar a cooperação internacional, defender o multilateralismo e proteger jornalistas.
De acordo com o chefe da ONU, estes temas também farão parte dos debates globais sobre o 75º aniversário da ONU, que será marcado no próximo ano.