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Oriente Médio “não pode arcar com outra guerra”, alerta enviado da ONU BR

Para Nickolay Mladenov, paz duradoura apenas pode ser alcançada tendo como base a justiça, os direitos humanos e a lei internacional.
ONU/Loey Felipe
Para Nickolay Mladenov, paz duradoura apenas pode ser alcançada tendo como base a justiça, os direitos humanos e a lei internacional.

Oriente Médio “não pode arcar com outra guerra”, alerta enviado da ONU

Paz e segurança

No Conselho de Segurança, Nickolay Mladenov falou de protestos na região e fez apelo para que Israel e Palestina retomem negociações; enviado aponta justiça, direitos humanos e lei internacional como bases para paz duradoura na região.

O coordenador especial da ONU para o Oriente Médio apontou a diplomacia preventiva como um dos instrumentos mais importantes para “acabar com as tensões, antes que estas se transformem em confrontos” na região.

Nickolay Mladenov falou esta segunda-feira por videoconferência em sessão do Conselho de Segurança sobre a região, destacando que o “Oriente Médio já viveu violência e injustiça suficientes e não pode arcar com outra guerra”.

Base Humanitária

Mladenov defendeu que continuem os esforços para diminuir as tensões e criar abertura para soluções políticas no interesse da paz regional. Sobre a Faixa de Gaza, ele disse que mesmo com as ações internacionais para impedir a guerra, estas não “podem ser sustentadas numa base puramente humanitária”.

A sugestão do enviado é que uma perspectiva política seja adotada e que essa “ilumine o caminho a seguir para a unidade dentro da Palestina e, finalmente, uma solução de dois Estados”.

Durante as manifestações, mais de 90 edifícios foram queimados no Iraque.

Mladenov destacou que não se pode mais continuar atendendo as necessidades essenciais de Gaza a cada mês, “sem abordar a realidade política mais ampla, incluindo o isolamento rígido, a violência e a falta de união na região”.

O representante também citou questões na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Entre elas, a construção e expansão de assentamentos, a “crise financeira não resolvida pela Autoridade Palestina e a economia que continua estagnada”.

Acordos

O enviado quer que as negociações entre Israel e Palestina sejam retomadas com a visão de dois Estados vivendo lado a lado, em paz segurança e um reconhecimento mutuo tendo como base as resoluções das Nações Unidas, a lei internacional e acordos anteriores.

O enviado mencionou os protestos que estão ocorrendo, destacando os que acontecem no Líbano e no Iraque. Mais de 1,5 milhão de libaneses querem a demissão do governo, que já adotou medidas e terminou o orçamento de 2020 com um défice. 

Passo Político

O enviado destacou ainda que no Iraque, pelo menos 74 pessoas morreram e 3.654 ficaram feridas em protestos, exigindo empregos e subsídios de habitação para os mais pobres. Durante as manifestações, mais de 90 edifícios foram queimados.

Em relação à Síria, Mladenov disse esperar que o lançamento de Comitê Constitucional previsto para esta semana, em Genebra, seja “um grande passo político” para responder às aspirações do povo.

Para toda a região, o enviado considera que uma paz duradoura somente pode ser alcançada tendo como base a justiça, os direitos humanos e a lei internacional.  

Bairro de Rimal, na Cidade de Gaza.
Mohammed Mahmoud Awad
Bairro de Rimal, na Cidade de Gaza.