Mais de 10 mil pessoas fogem para o Iraque após ofensiva no nordeste da Síria
Operação militar turca começou a 9 de outubro e já causou 180 mil deslocados; secretário-geral disse que chegou o momento de acabar com o conflito que dura oito anos e que, por isso, o processo político é mais importante do que nunca.
Mais de 10 mil refugiados chegaram ao Iraque desde o início deste mês, quando começou a ofensiva turca no nordeste da Síria. A informação é da Agência de Refugiados da ONU, Acnur.
Quase 75% destes refugiados são mulheres e crianças. Pelo menos 25% das famílias são chefiadas por mulheres e também existem crianças que não estão acompanhadas por adultos.
Refugiados
No total, cerca de 180 mil pessoas foram deslocadas nas últimas semanas.
Cerca de 9,7 mil vivem no assentamento de Bardarash, no Iraque, com capacidade para 11 mil pessoas. Caso seja necessário, o Acnur já identificou locais próximos que podem abrigar mais pessoas.
Em nota, a agência destaca a importância da liberdade de movimento para os moradores e pede que “as fronteiras permaneçam abertas para que os refugiados possam buscar segurança e proteção.”
Além das 11 mil pessoas, que chegaram em outubro, o Iraque acolhe cerca de 230 mil sírios que abandonaram o seu país devido ao conflito que começou em 2011.
Apoio
O Acnur também está prestando serviços de emergência e proteção a milhares de pessoas deslocadas dentro da Síria. Muitas delas saíram de casa somente com a roupa do corpo.
Até ao momento, mais de 75 mil deslocados receberam ajuda de sobrevivência, como casacos, cobertores e sacos de dormir.
A maioria das escolas da cidade iraquiana de Hassakeh está sendo usada como abrigo, impedindo as crianças deslocadas e as de casa de frequentarem a escola. A agência diz que será difícil elas continuarem os estudos.
Dentro do seu apelo anual, o Acnur estima que sejam necessários US$ 31,5 milhões adicionais para esta resposta.
Conflito
Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU respondeu a perguntas de jornalistas sobre a situação na Síria.
António Guterres disse que a organização “não tem informação de que existam quaisquer confrontos neste momento no nordeste da Síria” e que os confrontos das últimas semanas deixaram “claro que é altura de falar seriamente sobre o fim” para o conflito.
Para o chefe da ONU, “o processo político torna-se agora mais importante do que nunca.”
Segundo Guterres, o “compromisso total” das Nações Unidas “é ter a certeza de que o Comitê Constitucional começa seu trabalho, em Genebra, e que esse seja o primeiro passo de uma solução política que encerre este capitulo trágico na vida do povo sírio.”