OMS: gravidez indesejada resulta de falta de serviços de planejamento familiar
Novo estudo da Organização Mundial da Saúde pesquisou 36 países da região Ásia-Pacífico e descobriu que 66% das mulheres sexualmente ativas, que queriam adiar a gravidez, pararam de usar contraceptivos por vários motivos; 85% delas engravidaram já no primeiro ano.
A falta de serviços de planejamento familiar e de informação sobre a possibilidade de engravidar estão entre as principais causas da gravidez indesejada.
Num novo estudo da Organização Mundial da Saúde, OMS, na região da Ásia-Pacífico, a agência constatou que uma em quatro mulheres teve uma gravidez indesejada após abandonar o uso de contraceptivos.

Efeitos colaterais
A pesquisa, realizada em 36 países da região, indica ainda que dois terços das mulheres sexualmente ativas que queriam adiar a gravidez, ou ter menos filhos, deixou de usar a pílula por causa de efeitos colaterais, preocupações com a saúde e até mesmo acreditarem que não engravidariam. No total, 25% tiveram a gravidez.
Para a OMS, as altas taxas de gravidez indesejada estão relacionadas à falta de serviços de planejamento familiar.
A agência explica que a falta de intenção de engravidar não tem o mesmo significado que gravidez indesejada. No caso da falta de intenção, existem riscos de saúde para a mãe e o bebê como desnutrição, doenças, negligências e até mesmo a morte.
A gravidez sem propósito também leva a ciclos de alta fertilidade, mina potenciais de educação e emprego e conduz à pobreza. Todos desafios que podem se espalhar por gerações.

Aborto
O estudo da OMS também lembra que métodos modernos de contracepção têm um papel vital para evitar a gravidez não-intencional.
No caso dos países pesquisados, 85% das mulheres que pararam de usar os contraceptivos engravidaram logo no primeiro ano.
Já dentre as mulheres que fizeram aborto, metade tinha deixado de usar os contraceptivos por vários motivos.
A médica do Escritório de Saúde Reprodutiva e Materna do Escritório Regional do Oeste do Pacífico, Mari Nagai, diz que a alta qualidade de serviços de planejamento familiar benéfica não só a saúde materno-infantil como as taxas de desenvolvimento econômico-social, de educação e os níveis de autonomia da mulher.
Gravidez indesejada continua sendo um problema importante de saúde pública. Em todo o mundo, anualmente, 74 milhões de mulheres vivendo em países de rendas baixa e média engravidaram sem intenção. O quadro causou 25 milhões de abortos em condições inseguras e 47 mil mortes maternas.
Para a OMS, os serviços de saúde precisam promover o uso eficiente de métodos de contracepção que atendam às mulheres, além disso é preciso saber as preocupações das mulheres com os métodos que utilizam.
Mulheres em idade reprodutiva que queiram trocar os contraceptivos precisam ser bem informadas, aconselhadas e terem seus direitos e dignidade respeitados.