ONU pede investimentos para reduzir impacto de desastres naturais
Em Dia Internacional para Redução de Riscos de Desastres, neste 13 de outubro, secretário-geral disse que acidentes “podem apagar décadas de desenvolvimento num instante”; Moçambique precisa de US$ 3,2 bilhões para reconstrução pós-ciclones.
A ONU marca neste domingo o Dia Internacional para Redução de Riscos de Desastres. O tema é redução dos danos a infraestruturas críticas e interrupção de serviços básicos.
Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “na próxima década, o mundo investirá trilhões de dólares em novas casas e escolas, novos hospitais e infraestrutura.” Segundo ele, “a resiliência climática e a redução do risco de desastres deve ser o foco desse investimento.”
Investimentos
O chefe da ONU lembrou que existem fortes argumentos econômicos para isso: a infraestrutura mais resiliente ao clima pode gerar seis vezes mais benefícios do que o seu custo. Para cada dólar investido, seis dólares podem ser economizados.
Para António Guterres, “isso significa que investir na resiliência ao clima cria empregos e poupa dinheiro.” Ele também disse que “desastres causam um sofrimento horrível e podem apagar décadas de desenvolvimento num instante.”
O secretário-geral disse que, ao longo da sua vida e carreira, visitou muitas comunidades afetadas por eventos climáticos extremos e outros desastres naturais. Do Pacífico Sul a Moçambique, ao Caribe e além, ele viu “o impacto arrasador e transformador da emergência climática em comunidades vulneráveis.”
Moçambique
António Guterres esteve em julho em Moçambique. Na visita, o secretário-geral avaliou os efeitos dos ciclones Kenneth e Idai, que atingiram o país no início do ano. Segundo dados do governo, pelo menos 648 pessoas morreram.
Em entrevista à ONU News, a coordenadora residente da ONU no país, Myrta Kaulard, disse que existe uma necessidade de investimentos de longa duração porque toda a área está exposta a desastres naturais.
Kaulard diz que “do ponto de vista político, os governos devem ajudar as pessoas a mudar-se para áreas onde podem continuar a sobreviver sem serem muito afetadas.”
Para a representante, as necessidades apenas devem crescer. Myrta Kaulard afirmou que “os desastres naturais estão a ficar cada vez mais fortes, por isso a forma de construir tem de seguir os últimos conhecimentos, as melhores maneiras de construir e de reduzir o impacto desses desastres.”
Depois dos desastres, o governo moçambicano realizou uma Avaliação das Necessidades Pós-Desastres. De acordo com a pesquisa, o país precisa de US$ 3,2 bilhões para reconstruir as zonas atingidas.
O documento diz que “o impacto negativo das alterações climáticas é agora uma realidade crescente” e essa situação “deve ser considerada no presente e no futuro.”
Infraestruturas
Neste dia Internacional, a ONU também está destacando os efeitos nas infraestruturas de educação e de saúde. Segundo a organização, “é preciso garantir que escolas e hospitais são construídos para resistir, em localizações apropriadas e de acordo com os códigos de urbanização.”
Em Moçambique, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, estima que mais de 3,4 mil salas de aula tenham sido danificadas ou destruídas. Quanto aos hospitais, a Organização Mundial da Saúde, OMS, calcula que irá demorar cinco anos a recuperar toda a infraestrutura de saúde danificada. Cerca de 113 unidades de saúde foram parciais ou totalmente danificadas.
Segundo um relatório do Banco Mundial, investir em infraestrutura mais resiliente em países de baixa e média rendas pode gerar um benefício econômico de US$ 4,2 trilhões. Cada US$ 1 investido pode render US$ 4 em benefícios.