Chefe da ONU soa alarme sobre “maior crise financeira” da organização em quase uma década BR

Secretário-geral apela à contribuição de países ao orçamento regular da organização; mais de um terço dos Estados-membros ainda não depositaram suas parcelas do orçamento regular.
A ONU informou esta terça-feira que corre o risco de esgotar suas reservas de liquidez até o fim deste mês.
A situação pode levar à falta de pagamento a funcionários e fornecedores, segundo uma nota do porta-voz da organização.
O secretário-geral, António Guterres, enviou uma carta aos Estados-membros descrevendo a crise como “a pior vivida pelas Nações Unidas em quase uma década”. Ele reproduziu a mensagem aos funcionários da ONU.
Na comunicação, Guterres lembra que é obrigação dos Estados-membros contribuir para a ONU, e agradece aos 129 governos que já pagaram sua parte no orçamento regular.
Para o secretário-geral, o depósito integral das obrigações dos países é a única maneira de evitar o “risco de prejudicar as operações em nível global”.
Guterres também pede que os governos abordem as causas da crise e cheguem a um acordo para uma base financeira sólida.
A organização informou que “apenas 70% dos países contribuíram para o orçamento operacional da ONU este ano”, em comparação com 78% do mesmo período do ano passado.
O porta-voz de Guterres contou que o Secretariado tomou várias medidas, desde o início deste ano, para remediar os efeitos da crise. Sem estas providências, o déficit em caixa poderia chegar a US$ 600 milhões este mês.
Segundo a ONU, a medida garantiu a realização do debate geral com líderes internacionais e as reuniões de alto nível, que estavam ameaçadas.
O chefe da ONU está agora chamando a atenção para o risco de falta de fundos para cobrir salários e pagamentos de bens e serviços até o final de novembro. Para evitar a crise, os países em atraso com suas contribuições devem efetuar, de imediato, o pagamento.
O secretário-geral pediu mais medidas imediatas aos governos, incluindo reduções nas viagens oficiais, adiamento de gastos com bens e serviços e suspensão de eventos agendados fora do período oficial de reuniões em postos de serviço da ONU.
A organização alerta que várias opções estão sendo examinadas como o adiamento de conferências e reuniões e revisão de serviços.
A questão de liquidez é “um problema recorrente” que segundo as Nações Unidas dificulta seriamente a capacidade do Secretariado de “cumprir suas obrigações com as pessoas que serve”.
Perante a situação, a prioridade será dada ao Trabalho com base na disponibilidade de dinheiro, o que “compromete a implementação dos mandatos atribuídos pelos órgãos intergovernamentais”.
A organização termina a nota manifestando a expectativa do secretário-geral que os países-membros da ONU resolvam as questões que estão na base da crise “sem mais adiamento”.