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Vice-chefe humanitária visita Djibouti para ver efeitos da mudança climática

Vice-chefe humanitária, Ursula Mueller, conhece mulher afetada pela seca no Djibuti
Ocha/Saviano Abreu
Vice-chefe humanitária, Ursula Mueller, conhece mulher afetada pela seca no Djibuti

Vice-chefe humanitária visita Djibouti para ver efeitos da mudança climática

Clima e Meio Ambiente

Secretária-geral assistente para Assuntos Humanitários esteve no país africano e falou com vítimas das secas prolongadas; representante também encontrou migrantes, que usam o país africano para tentar chegar à Península Arábica.

No final de uma visita de três dias a Djibouti, a secretária-geral assistente para assuntos humanitários, Ursula Mueller, pediu que a comunidade internacional combata a crise climática que afeta o sudeste Africano.

Secas e outros choques climáticos têm sido responsáveis ​​por altos níveis de desnutrição, surtos de doenças, insegurança alimentar e deslocamento, causando um aumento nas necessidades humanitárias.

Vice-chefe humanitária, Ursula Mueller, durante visita ao Djibuti
Vice-chefe humanitária, Ursula Mueller, durante visita ao Djibuti, Ocha/Saviano Abreu

Crise

Em entrevista à ONU News, Ursula Mueller disse que “a mudança climática é real” e que ela pôde ver seus efeitos na visita ao país.

A representante contou que conheceu comunidades quase sem acesso à água potável. Segundo ela, “Djibouti praticamente não contribui para a emergência climática global, mas sua população sofre com as consequências todos os dias.”

Nesse momento, mais de 280 mil pessoas enfrentam níveis crônicos de insegurança alimentar. Esse número representa cerca de 30% da população do país.

Mueller disse que esses níveis “são alarmantes e considerados uma emergência de acordo com os padrões globais.”

Na vila de Bondara, no sul do país, as mulheres revelaram à secretária-geral assistente como eram os esforços para alimentar suas famílias, mas disseram que as secas eram um grande obstáculo.

Migrantes

No caminho para Bondara, Mueller encontrou um grupo de jovens migrantes da região de Oromia, na Etiópia. Eles faziam uma perigosa jornada em direção à Península Arábica em busca de oportunidades.

Mueller disse que "foi de partir o coração ouvir uma jovem de 20 anos mencionar que seu sonho é encontrar um emprego como empregada doméstica na Arábia Saudita.”

O Djibouti é uma das principais rotas de migração nesta região de África. Cerca de 400 a 600 migrantes cruzam seu território todos os dias, fugindo de conflitos, da instabilidade e do clima severo.

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O país também abriga cerca de 30 mil refugiados e solicitantes de asilo, além de mais de 100 mil migrantes.

Ursula Mueller visitou uma das aldeias de refugiados, em Ali Addeh, a poucos quilômetros da fronteira com a Etiópia e a Somália.

Durante um encontro com representantes da comunidade e um grupo de mulheres, alguns refugiados destacaram a necessidade de soluções a longo prazo.

No final, Mueller afirmou que “as necessidades mais básicas estão sendo atendidas, mas faltam oportunidades de subsistência para que os refugiados se tornem autossuficientes.”

Autoridades

A secretária-geral assistente também teve encontros com autoridades do país. Durante reunião com o primeiro-ministro de Djibouti, Abdoulkader Kamil Mohamed, e vários ministros, Mueller elogiou iniciativas das autoridades.

Ela disse que “o esforço do governo para apoiar os refugiados é notável”. Segundo ela, esse trabalho “está salvando vidas.”

A representante afirmou, no entanto, que o país "precisa de mais apoio para ajudar as comunidades a criar resiliência para que os choques não levem a mais sofrimento e crises mais caras."

No final da visita, a vice-chefe humanitária afirmou que é necessário resolver, de forma urgente, as causas destes problemas para conseguir um desenvolvimento sustentável em Djibouti e em toda a região.

Os efeitos da mudança climática no Djibuti