Solicitações de asilo no México de pessoas da América Central aumentam 231% em menos de um ano
Chefe da Agência de Refugiados da ONU elogia apoio do país aos refugiados; Filippo Grandi pede mais recursos para que México possa lidar melhor com o fluxo.
O México recebeu mais de 48 mil pedidos de asilo até o final de agosto. De acordo com a Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, o número representa um aumento de 231% nos pedidos de asilo, em comparação com o ano passado.
Em 2014, o país recebeu apenas 2,137 candidatos. Desde então, o número de solicitações aumentou consistentemente ano a ano.

Relatos
Durante recente visita de quatro dias ao México, o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, ouviu relatos de solicitantes de asilo. Casos como o de Edgar*, que decidiu deixar El Salvador após anos de ameaças e de extorsões que recebia de uma gangue de rua por ser gay.
Grandi destacou que essas experiências, ameaças específicas, extorsão e perseguição política, são típicas das forças que estão alimentando a consolidação do México como destino de asilo. Falando a jornalistas, ele apontou que as histórias que ouviu “são terríveis, de violência, extorsão, violência de gênero e violência contra a comunidade Lgbti."
O chefe do Acnur também agradeceu "ao México por fornecer a proteção urgente de que essas pessoas precisam."

México
O Acnur lembra que o México tem uma longa tradição como destino para requerentes de asilo. O país recebeu os espanhóis que fugiram da guerra civil de 1936-1939 em seu país e nas décadas de 1960 e 1970 foi destino de pessoas que fugiam das ditaduras em países da América do Sul, incluindo Chile, Argentina e Brasil. No anos 80 e 90, também recebeu pessoas fugindo de conflitos na América Central.
A agência da ONU disse que, com a implementação de políticas mais restritas de asilo pelos Estados Unidos, um recente aumento no número de solicitações renovou a imagem do México como destino para aqueles que fogem de conflitos e perseguições, especialmente pessoas de El Salvador e Honduras. Estes países estão entre as nações mais violentas do mundo.
Grandi destacou ainda a importância da Agência de Refugiados do México, Comar, e enfatizou que o seu orçamento precisava crescer em sintonia com o aumento dos pedidos de asilo. Para ele, “se o Comar tivesse mais recursos, poderia fazer seu trabalho com mais eficiência e reduzir o tempo que os requerentes de asilo precisam esperar por decisões sobre a sua condição."

* Nome alterado por motivos de proteção.