ONU avisa que “não há tempo a perder” no Iêmen
Depois de ataques a estruturas petrolíferas sauditas no fim-de-semana, Conselho de Segurança discutiu situação no país; enviado especial e subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários participaram no encontro.
O enviado especial para o Iêmen, Martin Griffiths, disse esta segunda-feira que “não há tempo a perder” para avançar com “uma solução política para acabar com o conflito” no país.
O representante discursou em um encontro do Conselho de Segurança sobre o país. O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, também fez um balanço da situação.
Petróleo
Griffiths destacou o ataque às instalações petrolíferas na Arábia Saudita, que foi reivindicado pelos rebeldes houthis. O representante afirmou que o ataque “causou uma perturbação significativa na produção de petróleo” que “tem consequências que vão muito além da região.”
O enviado afirmou que “este incidente sério aumenta muito as chances de um conflito regional” e que “isso é, francamente, aterrorizante.”
Segundo ele, o ataque “é um sinal claro de que o Iêmen parece estar se afastando ainda mais da paz que todos procuram”. O enviado afirmou que “a cada dia que continua a guerra, maior a ameaça à estabilidade regional” e que a comunidade internacional precisa “tomar uma atitude ousada.”
Vítimas
Giffiths disse que é difícil destacar um evento “em uma guerra tão selvagem, ampla e complexa”, mas que é necessário “ilustrar o horror da guerra, apelar à consciência coletiva e enfatizar o terror enfrentado pelas pessoas.”
O ataque a Dhammar, em 1º. de setembro, causou a morte de cerca de 110 pessoas e feriu mais de 43. Griffiths disse que “essas ações tornam a paz mais difícil, e ainda mais necessária.”
Para o enviado, os desenvolvimentos positivos no Sul do país são uma lembrança para achar “o fim urgente do conflito como um todo.” Segundo ele, também são necessários “progressos urgentes para que a guerra não se expanda.”
O enviado especial afirmou ainda que existe “a ameaça” de que o conflito “se transforme em algo que ameaça a própria existência do Iêmen.”
Avanços
Apesar das dificuldades, Martin Griffiths destacou “alguns progressos limitados” no último mês.
Ele disse que “as partes deram mais alguns passos no sentido de aplicar o Acordo de Estocolmo” que a implementação do Acordo de Hodeida “avança devagar, mas com propósito.”
Comunidade
O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, começou condenando os ataques de sábado.
O representante lembrou depois a nota presidencial que o Conselho de Segurança aprovou no final de agosto. Na declaração, o Conselho destacava quatro prioridades: respeito pela lei humanitária, acesso humanitário desimpedido, financiamento de ajuda humanitária, e, por fim, apoio à economia nacional.
O representante afirmou que “não se está mais perto de cumprir os objetivos definidos e, em alguns casos, mais distante.”
Em relação à lei humanitária, ele disse que vários incidentes causaram mortes e feridos entre civis e infraestrutura.
Quanto ao acesso humanitário, informou que “o ambiente operacional para as agências de ajuda talvez nunca tenha sido tão ruim.”
Em junho e julho, as agências registraram 300 incidentes que afetaram suas operações, atingindo 4.9 milhões de pessoas. Cerca de 90% dos incidentes foram de natureza burocrática.
Financiamento
Lowcock também falou sobre as dificuldades de financiamento, dizendo que “a operação de ajuda pode ajudar a salvar milhões de pessoas se for financiada.”
O representante disse que recebeu, esta segunda-feira, confirmação de que as autoridades sauditas vão transferir US$ 500 milhões no dia 25 de setembro, cumprindo o compromisso feito durante a conferência de doadores em fevereiro. Os Emirados Árabes Unidos também contribuíram recentemente com 200 milhões.
Segundo Lowcock, “até existir mais dinheiro no banco”, a ONU não estará em posição de reabrir os programas de vacinação, os centros de nutrição, as atividades de prevenção de cólera e outras atividades que tiveram de ser encerradas nas últimas semanas. O representante afirmou que “programas que ajudam milhões de pessoas continuarão em grave risco.”
Sobre a economia do país, o representante disse que “os indicadores mais recentes são alarmantes.” Segundo ele, “o impacto em centenas de milhares de famílias já está sendo sentido.”
O representante afirmou que “pessoas que mal conseguem sobreviver vão agora ter mais dificuldades em fazê-lo, a menos que níveis adequados de importações comerciais, como combustível, possam entrar no país de forma continua usando todos os portos.”
Lowcock terminou dizendo que, além destas prioridades humanitárias, o que “o Iêmen mais precisa é paz.”