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Quase 12 milhões de crianças nunca irão frequentar uma escola

Estudo aponta que 4 milhões de meninas enfrentam risco de mutilação genital.
Unicef/ UN0212108/Mohammadi
Estudo aponta que 4 milhões de meninas enfrentam risco de mutilação genital.

Quase 12 milhões de crianças nunca irão frequentar uma escola

Cultura e educação

Novos dados foram publicados pela Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura; um sexto das crianças em idade escolar não vai à escola.

Perto de 258 milhões de crianças, adolescentes e jovens estavam fora da escola em 2018. O número representa cerca de um sexto da população global de crianças em idade escolar.

Os novos dados foram publicados pela Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Unesco. Segundo a agência, pouco ou nenhum progresso foi conseguido em mais de uma década.

Projeções

Neste 8 de setembro, a data ressalta o papel de educadores e das mudanças didáticas ocorridas nesse período para ensinar jovens e adultos a ler e escrever.
Crianças em escola da Beira, em Moçambique, by ONU/Eskinder Debebe

A Unesco diz que “ainda mais preocupante” é o fato de que, a menos que medidas urgentes sejam tomadas, cerca de 12 milhões de crianças em idade escolar nunca irão frequentar uma escola.

A agência diz que, com estes números, será difícil garantir uma educação de qualidade inclusiva para todos, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, estabelecidos pela comunidade internacional para 2030.

Segundo as projeções, em 2030, uma em cada seis crianças ainda estará fora da escola primária e secundária. Apenas seis em cada dez jovens irá concluir a Educação secundária.

Os dados também destacam a lacuna entre os países mais ricos e os mais pobres do mundo. Cerca de 19% das crianças em idade primária, entre seis e 11 anos de idade, não frequentam a escola em países de baixa renda. Nos países de alta renda, esse número cai para apenas 2%.

A diferença é ainda maior entre crianças mais velhas e jovens. Cerca de 61% de todos os jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola em países de baixa renda, comparado com 8% em países de alta renda.

Gênero

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que "as meninas continuam enfrentando as maiores barreiras."

Cerca de 9 milhões de meninas em idade escolar nunca vão frequentar a escola, em comparação com cerca de 3 milhões de meninos. Desse total, quatro milhões de meninas vivem na África subsaariana.

Azoulay diz que, por isso, a comunidade internacional “deve continuar a centrar suas ações na educação de meninas e mulheres como uma prioridade máxima.”

Um jovem refugiado do Burundi na Escola Primária Jugudi, no Campo de Refugiados Nyarugusu, na Tanzânia.
Um jovem refugiado do Burundi na Escola Primária Jugudi, no Campo de Refugiados Nyarugusu, na Tanzânia, Acnur/Farha Bhoyroo

Esforços

A diretora do Instituto de Estatística, Silvia Montoya, disse que o mundo tem “apenas 11 anos para cumprir a promessa de que todas as crianças estarão na escola e aprendendo.”

Apesar desse prazo, os novos dados mostram que o acesso continua sendo muito difícil. Montoya diz que “esses desafios não são inevitáveis” e “podem ser superados combinando ação intensiva e maior financiamento.”

A representante afirma que é necessário “um compromisso real de cada governo, apoiado por recursos, para fazer este trabalho.”

Encontros

Em nota, a Unesco explica o motivo para o número de crianças fora da escola ter baixado dos 262 milhões em 2017. A agência diz que o motivo está relacionado com a sua metodologia, que deixou de contabilizar crianças em idade escolar com 6 anos, que ainda estão matriculadas na pré-escola.

Os novos dados são divulgados uma semana antes do início da Assembleia Geral das Nações Unidas. A 24 e 25 de setembro, em Nova Iorque, acontece o Encontro de Cúpula sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A Unesco diz que os novos dados “demonstram a necessidade de mais ação para alcançar uma educação de qualidade para todos.” Segundo a agência, esse objetivo “ainda pode ser alcançado.”