Serviços essenciais em risco no Iêmen devido à falta de financiamento
Fundo das Nações Unidas para a População terminou compra de medicamentos; 100 dos 268 hospitais apoiados pela agência encerraram até final de agosto; fechos afetam diretamente cerca de 650 mil mulheres.
Unidades de saúde no Iêmen que recebem apoio do Fundo da ONU para a População, Unfpa, serão forçadas a reduzir ou encerrar serviços se novo financiamento não for recebido com urgência.
Durante uma conferência de doadores em fevereiro, foram prometidos US$ 2,6 bilhões para realizar o trabalho das Nações Unidas e parceiros humanitários. Menos da metade desse valor foi recebido.
Encerramento

O Unfpa já encerrou a compra de medicamentos devido à falta de fundos. Até final de agosto, 100 dos 268 hospitais apoiados pela agência foram encerrados. Outros 75 serão fechados até o final de setembro.
Os encerramentos afetam diretamente cerca de 650 mil mulheres. Mais de 1 milhão estão em risco se todas as instalações fecharem. A ONU considera esta crise humanitária a maior do mundo.
Em nota, a diretora executiva do Unfpa, Natalia Kanem, disse que "mais de 1 milhão de mulheres iemenitas precisam de fundos agora ou perderão o acesso a serviços de saúde reprodutiva que salvam vidas, colocando em risco suas vidas e as de seus bebês."
A ONU estima que, a cada duas horas, uma mulher iemenita morra devido a complicações da gravidez e do parto. Cerca de outras 20 sofrem lesões ou infecções que podem ser evitadas.
Recursos
O Unfpa dá o exemplo de Om Asma. A iemenita estava grávida do seu segundo filho, quando teve problemas durante o parto e o hospital da sua aldeia, Al-Baidha, disse que não conseguia resolver as dificuldades.
Depois de várias horas de viagem, chegou ao Hospital do Kuwait, na capital, Sanaa. No centro de saúde, foi submetida a uma cesariana, que salvou sua vida e a do bebê. A agência avisa que, no futuro, “outras mulheres podem não ter tanta sorte.”
A unidade obstétrica de emergência deste hospital foi fechada devido ao conflito e à economia em colapso, e só foi reaberta com financiamento do Unfpa. Neste momento, a agência já parou de distribuir os kits de bens essenciais para o pós-parto e para recém-nascidos.
Uma das médicas obstetras do hospital, Raja, disse que está preocupada com a situação. Segundo ela, o centro de saúde tem “problemas com apoio e financiamento, especialmente no pagamento de salários de funcionários da saúde.” Ela diz que “a única fonte de apoio para atendimento obstétrico de emergência é o Unfpa.”
Apelo
A agência tem um apelo ativo de US$ 110 milhões para as suas operações no país durante 2019. Deste valor, apenas US$ 38 milhões foram recebidos.
O Unfpa está pedindo aos doadores que forneçam os fundos prometidos de forma urgente, para permitir continuar e reabrir alguns serviços que salvam vidas.