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Projetos da Guiné-Bissau e Brasil recebem prêmio da ONU para meio ambiente

Assembleia Geral Urok em 2018
Miguel de Barros/Tiniguena
Assembleia Geral Urok em 2018

Projetos da Guiné-Bissau e Brasil recebem prêmio da ONU para meio ambiente

Clima e Meio Ambiente

Entrega da distinção aconteceu em gala em Nova Iorque; é a primeira vez que uma iniciativa do país africano vence o Prêmio Equador, que distingue soluções inovadoras para enfrentar os desafios da mudança climática; no passado, prémio foi entregue a personalidades como Al Gore ou Gisele Bündchen. 

A Associação Indígena Kisêdjê e o Conselho Indígena de Roraima, do Brasil, e o Conselho de gestão da Área Marinha Protegida Comunitária Urok, da Guiné-Bissau, receberam esta quarta-feira  o Prémio Equador das Nações Unidas. 

Em 2019, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, destacou 22 soluções inovadoras e baseadas na natureza para enfrentar os desafios da mudança climática, meio ambiente e pobreza. 

Dança de Kadjonas na tabanca de Abu, ilha de Formosa, em Urok
Dança de Kadjonas na tabanca de Abu, ilha de Formosa, em Urok, Miguel de Barros/Tiniguena

Cerimônia

O prêmio foi entregue em uma gala em Nova Iorque.

Participaram o administrador do Pnud, Achim Steiner, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, Inger Andersen, e os atores Oona Chaplin e Nikolaj Coster-Waldau.

Urok

Em nota, o Pnud diz que o projeto de Urok, um grupo de três ilhas no arquipélago das Bijagós, “utiliza o conhecimento tradicional para proteger 54.5 mil hectares de ecossistemas marinhos e de mangais críticos para mitigar as alterações climáticas, reduzir a erosão costeira e assegurar meios de subsistência sustentáveis para os povos indígenas das Bijagós.”

O diretor executivo da associação de defesa do ambiente Tiniguena e membro do Comité de Gestão da AMPC Urok, Miguel de Barros, destacou à ONU News o “facto inédito” para a Guiné-Bissau. 

O ambientalista disse que “a comunidade de Urok, as estruturas de gestão local e as instituições de conservação que apoiaram este processo estão de parabéns pela visão, crença e espirito de compromisso.”

Barros lembrou que o processo começou em 1999 “com muito esforço”, foi oficializado em 2006 e “culminou com a construção de um ‘laboratório de resiliência’ portadora de esperanças para o país e de ensinamentos para o continente e o mundo.”

ESPECIAL: A Guiné-Bissau já sofre os efeitos da mudança climática

Brasil

No Brasil, a Associação Indígena Kisêdjê fica no estado de Mato Grosso, que o Pnud considera “um dos estados mais desflorestados do Brasil.”

A agência da ONU diz que esta associação de povos indígenas “transformou o status quo recuperando suas terras tradicionais e desenvolvendo um modelo de negócios inovador que utiliza o pequi, uma árvore nativa, para restaurar paisagens, promover a segurança alimentar e desenvolver produtos para o mercado local e nacional.”

Quanto ao Conselho Indígena de Roraima, o Pnud diz que esta aliança indígena “garantiu os direitos de 1,7 milhão de hectares de terras tradicionais para 55 mil povos indígenas.” Ao mesmo tempo, “promove a resiliência ecológica e social por meio da conservação de variedades tradicionais.”

Distinção

Em nota, o administrador do Pnud, Achim Steiner, disse que “cada dia, milhares de comunidades locais e povos indígenas de todo o mundo implementam silenciosamente soluções inovadoras baseadas na natureza para mitigar e se adaptar à mudança climática.”

Segundo o representante, o Prémio Equatorial “é um reconhecimento dessas ideias e uma forma de mostrar o poder das pessoas e das comunidades para conseguir uma mudança verdadeira."

Os vencedores foram selecionados de um grupo de 847 candidatos de 127 países.

O prémio, que existe desde 2002, já foi entregue a vencedores do prémio Nobel, como Al Gore e Elinor Ostrom, os ambientalistas Jane Goodall e Jeffrey Sachs, os filantropos Richard Branson e Ted Turner ou as celebridades Edward Norton, Alec Baldwin e Gisele Bündchen.