Expansão de intervenções contra a malária pode evitar 4 milhões de mortes até 2030

Relatório publicado esta sexta-feira destaca necessidade de apostar em pesquisa e desenvolvimento; a este ritmo, mundo não deve cumprir objetivos traçados até 2030; nova vacina contra a doença já foi testada em Gana e Malauí.
A ampliação das intervenções atuais contra a malária impediria 2 bilhões de casos e 4 milhões de mortes até 2030. Um novo estudo aponta que isso aconteceria se essas intervenções chegassem a 90% da população dos 29 países onde acontecem 95% dos casos.
O relatório do Grupo Consultivo Estratégico da Organização Mundial da Saúde, OMS, sobre Erradicação da Malária, foi publicado esta sexta-feira.
Os especialistas estimam o custo dessa ampliação em US$ 34 bilhões, mas o ganho econômico seria de cerca de US$ 283 bilhões no Produto Interno Bruto, PIB, desses países.
Os benefícios seriam maiores entre algumas das populações mais vulneráveis. Crianças com menos de cinco anos representam 61% de todas as vítimas mortais. Mais de 90% das 400 mil mortes anuais ocorrem na África Subsaariana.
Em nota, o diretor-geral da OMS disse que "libertar o mundo da malária seria uma das maiores conquistas em saúde pública." Para Tedros Ghebreyesus, “com novas ferramentas e abordagens, essa visão pode se tornar uma realidade.”
A OMS afirma que a aceleração da pesquisa e desenvolvimento é fundamental para cumprir esse objetivo. Neste momento, menos de 1% do financiamento nesta área da saúde vai para o desenvolvimento de ferramentas para combater a malária.
O presidente do Grupo Consultivo da OMS, Marcel Tanner, disse que é necessário “reforçar a motivação para encontrar estratégias e ferramentas transformadoras que podem ser adaptadas à situação local.”
O especialista afirmou que manter a situação atual “não está apenas atrasando o progresso, mas sim fazendo recuar.”
A pesquisa também afirma que a maioria das ferramentas utilizadas para combater a malária foi desenvolvida no século passado, como mosquiteiros tratados com inseticida, pulverização residual interna, testes de diagnóstico e medicamentos.
Apesar disso, novas abordagens promissoras de diagnóstico, medicamentos e inseticidas estão sendo desenvolvidas. Um dos melhores exemplos é a primeira vacina de malária do mundo, que já foi usada em Gana e Malauí e deve agora ser levada para o Quênia.
As taxas globais de infecção e mortalidade por malária permaneceram praticamente inalteradas desde 2015.
Segundo o último Relatório Mundial da Malária da OMS, o mundo não deve cumprir as metas para 2030 estabelecidas na Estratégia Técnica Global da OMS para a malária 2016-2030. O objetivo era alcançar uma redução de 90% na incidência de casos de malária e taxa de mortalidade.
Em muitos países, o acesso aos serviços de saúde continua sendo um grande desafio.
Em África, apenas uma em cada cinco mulheres grávidas que vivem em áreas de moderada a alta transmissão tem acesso aos medicamentos necessários. Apenas metade das pessoas em risco dormem sob uma rede tratada com inseticida.
O novo relatório destaca a necessidade de repensar as abordagens. Em novembro de 2018, a OMS lançou uma iniciativa que se foca nos 11 países com 70% da carga mundial de malária, 10 países africanos e a Índia, para melhorar os resultados.
O Grupo Consultivo da OMS publicou o relatório antes de um fórum da agência dedicado ao tema que acontece em Genebra em 9 de setembro de 2019.