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103 crianças estão a bordo de um navio humanitário isolado no Mediterrâneo BR

Dois jovens imigrantes gambianos analisam o mapa do mundo depois de atravessar para a Itália, em 2016, desacompanhados dos pais.
© Unicef/Ashley Gilbertson
Dois jovens imigrantes gambianos analisam o mapa do mundo depois de atravessar para a Itália, em 2016, desacompanhados dos pais.

103 crianças estão a bordo de um navio humanitário isolado no Mediterrâneo

Migrantes e refugiados

Apenas 11 desses menores estão acompanhados na embarcação Ocean Viking; Unicef considera inconcebível que a política esteja sendo priorizada em relação ao  salvamento dessas vidas.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, anunciou que cerca de 130 crianças no total estão atualmente nas embarcações Viking Ocean e Open Arms, que aguardam para desembarcar na Europa após resgate no mar Mediterrâneo.

A agência destaca relatos de que apenas 11 das 103 crianças a bordo do navio humanitário Ocean Viking estão acompanhadas por um dos pais ou adulto responsável.

Para a diretora regional do Unicef para a Europa e Ásia Central, Afshan Khan, é inconcebível que mais uma vez a política seja priorizada em relação ao salvamento de vidas das crianças presas no mar Mediterrâneo.
Para a diretora regional do Unicef para a Europa e Ásia Central, Afshan Khan, é inconcebível que mais uma vez a política seja priorizada em relação ao salvamento de vidas das crianças presas no mar Mediterrâneo. Foto: Unicef/ Ashley Gilbertson VII

Sobreviventes

Depois de resgate ocorrido há vários dias, a Itália e Malta não aceitaram receber os ocupantes e as ONGs que fretaram as embarcações disseram que não devolveriam os sobreviventes à Líbia por falta de segurança nos portos do país.

Para a diretora regional do Unicef para a Europa e Ásia Central, Afshan Khan, é inconcebível que mais uma vez a política seja priorizada em relação ao  salvamento de vidas das crianças presas no mar Mediterrâneo.

A também coordenadora especial do Unicef para a Resposta a Refugiados e Migrantes na Europa disse que muitos destes menores fugiram da pobreza, do conflito e das atrocidades impensáveis e têm o direito de estar em segurança e ser protegidas.

O pedido da agência é que seja imediatamente providenciado um porto com segurança para que essas crianças, juntamente com todas as outras a bordo dos dois navios, possam desembarcar com segurança.

Para Khan, a trágica perda de vidas no Mediterrâneo Central neste verão ressalta a necessidade imediata de mais esforços de busca e resgate que, no caso de crianças, mulheres e homens vulneráveis, “não deve ser um crime”.

Dois irmãos adolescentes da Gâmbia que viajaram sem os pais pelo mar Mediterrâneo caminham por uma praia na Itália.
© Unicef/Ashley Gilbertson
Dois irmãos adolescentes da Gâmbia que viajaram sem os pais pelo mar Mediterrâneo caminham por uma praia na Itália.

Abrigo Seguro

A representante quer ainda que as instalações de acolhimento e identificação de menores refugiados e migrantes garantam um abrigo seguro e adequado, assim como um acesso rápido aos cuidados de saúde, apoio psicossocial e procedimentos de asilo.

Entre os requisitos urgentes apontados pela representante estão “mais compromissos de reinstalação, que priorizem as crianças e acelerem os processos de reagrupamento familiar dos Estados-membros da União Europeia.”

No comunicado, o Unicef elogia os progressos recentes para se criar um plano para uma maior solidariedade e compartilhamento de responsabilidades entre os governos europeus.

A nota destaca que as crianças não devem ficar presas no mar nem se afogar nas áreas costeiras do continente europeu.  Khan pediu que discussões políticas passem agora  para ações regionais que salvem vidas e acabem com mais sofrimento.

103 crianças estão a bordo de navio resgatado no Mediterrâneo