Padrões climáticos erráticos afetam mais de 2 milhões de pessoas em Corredor Seco da América Central BR

Cinco anos de seca na região estão deixando agricultores com dificuldades para alimentar suas famílias; por falta de opção, muitos estão optando pela migração; PMA planeja fornecer assistência alimentar a mais de 700 mil pessoas que vivem na área.
Mais de 2 milhões de pessoas no chamado corredor seco, que engloba áreas da Guatemala, de Honduras, de El Salvador e da Nicarágua foram afetadas pelo quinto ano consecutivo de padrões climáticos erráticos, secas prolongadas e chuvas excessivas.
Destas, 1,4 milhão precisam de assistência alimentar urgente de acordo com a última Avaliação de Segurança Alimentar de Emergência, ou EFSA, que foi realizada pela Programa Mundial de Alimentos, PMA, a Organização das Nações Unidas Agricultura e Alimentação, FAO, e instituições governamentais.
O Corredor Seco da América Central é uma área geográfica composta por um ecossistema de floresta tropical seca que vai do sul do México até o Panamá. A região é vulnerável ao fenômeno El Niño e padrões climáticos erráticos, que atrasam as chuvas e prolongam o período de seca.
Falando à jornalistas em Genebra, o porta-voz do PMA disse que plantações de milho e feijão da região foram dizimadas. Herve Verhoosel destacou que “isso afetou a segurança alimentar dos agricultores de subsistência, o que significa que muitos estão lutando diariamente para alimentar suas famílias.”
Dada a situação atual, a agência da ONU planeja fornecer assistência alimentar a mais de 700 mil pessoas que vivem no Corredor Seco. Somente este ano, o PMA ajudou mais de 160 mil pessoas vulneráveis.
O trabalho da agência tem se concentrado nas necessidades imediatas das pessoas, além de ajudá-las a se adaptarem às mudanças climáticas.
De acordo com o PMA, famílias no Corredor Seco produzem e comem seus próprios alimentos, e por isso dependem muito dos dois ciclos de safras sazonais a cada ano. O plantio do primeiro ciclo ocorre entre abril e junho, e deve ser colhido em agosto, sendo suficiente para cobrir as necessidades alimentares até dezembro.
O segundo ciclo é plantado entre setembro e novembro e colhido em janeiro do ano seguinte, cobrindo as necessidades de alimentos de fevereiro a junho. Isso deixa um período de escassez de alimentos entre safras, que vai de junho a agosto de cada ano.
Verhoosel apontou que “os agricultores de subsistência e suas famílias no Corredor Seco são altamente vulneráveis à insegurança alimentar.” Ele explicou que “se as safras fracassarem, elas não terão alimentos para comer e nem reservas de comida até o próximo ciclo da safra.”
O milho e o feijão, que são as principais culturas da região, são muito frágeis e cultivados em encostas com solo pobre. Segundo o porta-voz, “eles são suscetíveis a condições climáticas adversas, o que significa que muito pouca ou muita chuva pode arruinar uma colheita inteira.”
Quando perdem suas colheitas, os agricultores tentam encontrar empregos em plantações locais e muitas vezes não têm renda para comprar comida. Outros agricultores migram para cidades, países vizinhos ou para mais longe.
Dados da EFSA, indicam que 8% das famílias indicaram que iriam recorrer à migração, que a avaliação classifica como uma estratégia de sobrevivência extrema.
Verhoosel destacou que “migração, no entanto, não é uma solução.” Ele apontou que “quando uma pessoa migra, aqueles que ficam para trás continuam a sofrer a causa da migração.”
O PMA acredita que “a solução é trabalhar em conjunto em sistemas de segurança alimentar de longo prazo que permitam que esses agricultores sejam resilientes e permaneçam engajados em seus mercados locais.”
A agência precisa de US $ 72 milhões para ajudar essas pessoas na distribuição de alimentos a curto prazo e com capacidade de fortalecer as intervenções a médio e longo prazo para ajudá-las a construir resiliência, adaptar-se às mudanças climáticas e melhorar os sistemas nacionais de proteção social.