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ONU elogia acordo que traz “esperança para uma paz duradoura” em Moçambique

Acordo de Paz e Reconciliação foi assinado em Maputo pelo chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, e pelo líder do partido Renamo, Ossufo Momade.
Presidência de Moçambique
Acordo de Paz e Reconciliação foi assinado em Maputo pelo chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, e pelo líder do partido Renamo, Ossufo Momade.

ONU elogia acordo que traz “esperança para uma paz duradoura” em Moçambique

Paz e segurança

Chefe de Estado Filipe Nyusi assinou o Acordo de Paz e Reconciliação em Maputo com líder do partido Renamo, Ossufo Momade; presidente da Assembleia Geral revela expectativa por desenvolvimento do país; enviado do secretário-geral declara que entendimento será bem-sucedido. *

As Nações Unidas saudaram a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, pelo chefe de Estado de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, e pelo líder do partido Renamo, Ossufo Momade.

Em nota, a presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, destacou a liderança dos representantes das duas partes para se alcançar o novo entendimento que “traz esperança para a paz duradoura e o desenvolvimento para Moçambique e o seu povo”.

 Cerimônia do acordo de paz aconteceu em Maputo com a presença de cidadãos da capital moçambicana, líderes nacionais, internacionais, convidados.
Cerimônia do acordo de paz aconteceu em Maputo com a presença de cidadãos da capital moçambicana, líderes nacionais, internacionais, convidados. Foto: ONU Moçambique/Helvisney Cardoso

Harmonia e Prosperidade

Esta quarta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas saudou a assinatura do entendimento, e elogiou os dois signatários pela busca do diálogo direto e pelo compromisso de finalizar o processo de paz.

António Guterres pediu a todas as partes interessadas no país que contribuam para uma paz duradoura, reconciliação e estabilidade.

Na cerimónia, a ONU News falou cidadãos da capital moçambicana que estiveram presentes no evento juntamente com líderes nacionais, internacionais, convidados.

Há cinco dias, as duas partes assinaram a formalização do acordo de cessação definitiva das hostilidades no país.

Harmonia

Entre os representantes no evento desta terça-feira estavam o enviado pessoal designado do secretário-geral da ONU para Moçambique, Mirko Manzoni, e a coordenadora residente da organização no país, Myrta Kaulard.

A coordenadora destaca que a assinatura do acordo representa o início de uma nova era em que todos os moçambicanos podem viver em harmonia e prosperidade.

Em nome da organização, a nota assinada por Myrta Kaulard  destaca que as Nações Unidas estão prontas para acompanhar o país na implementação do acordo, na construção de paz duradoura, na reconciliação e no desenvolvimento sustentável.

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Após ter participado no processo como chefe do Grupo  Internacional de Contacto e embaixador da Suíça em Moçambique, Mirko Manzoni disse que o novo acordo “irá trazer uma paz duradoura ao povo moçambicano”. Em sua opinião, numa região e num mundo que já viram muita destruição, esta celebração seria como uma semente para espalhar a esperança em toda a parte.

Confrontos 

O enviado  designado destacou que esse entendimento “será bem-sucedido, porque foi um acordo feito por moçambicanos para moçambicanos”. Manzoni, que foi nomeado em julho, já participava no diálogo entre as partes, apoiou o processo até a assinatura do acordo e acompanhará a sua implementação.

Para Manzoni, a comunidade internacional deve estar completamente comprometida durante o período de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração de forças que antes estavam envolvidas em confrontos.

O representante pediu ainda que seja “honrado o compromisso de apoiar Moçambique a longo prazo”. Em nome da comunidade internacional, ele próprio reiterou esse compromisso.

O atual presidente da Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral, Sadc, e chefe de Estado da Namíbia, Hage Geingob, felicitou as duas partes por promoverem a paz, a estabilidade e o desenvolvimento em Moçambique.

Coesão Nacional

Para o chefe de Estado namibiano, o acordo de paz assinado vai ao encontro das celebrações do 50º aniversário da União Africana, de uma “África mais próspera e integrada, a África que queremos”.

Na ocasião, o presidente do Ruanda, Paul Kagame, disse que para o povo de Moçambique este entendimento traz “a promessa de acabar com décadas de conflito, a incerteza e a renovação da união e coesão nacional”.

Kagame afirmou que “nunca é um desperdício de tempo dar uma chance à paz, mais uma vez”, e que “essa conquista é algo importante para todos em África”. Para o líder ruandês, isso mostra que é possível que o continente encontre soluções para os próprios problemas, “não importando o quão difícil eles sejam”.

Acordo foi negociado nos últimos anos. Coordenadora residente da ONU diz esperar que documento abra caminho para paz sustentável
ONU Moçambique
Acordo foi negociado nos últimos anos. Coordenadora residente da ONU diz esperar que documento abra caminho para paz sustentável

Inspiração

O presidente da Zâmbia, Edgar Lungu, considerou a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação “um momento histórico, uma inspiração para os membros da Sadc e uma inspiração para ter uma região mais pacífica e estável”.

Já o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, lembrou a estratégia de meio século adotada para o desenvolvimento africano, a Agenda 2063, cujo compromisso é silenciar as armas até 2020.

Em relação ao entendimento entre o governo moçambicano e a Renamo, o representante considerou “um tijolo concreto de aprendizagem para alcançar este objetivo visionário e inspirador”.

Mudança

A União Europeia colocou € 60 milhões ao dispor de Moçambique para a implementação do acordo assinado esta terça-feira. Na ocasião, a alta representante da União Europeia, Federica Mogherini destacou que a paz é um compromisso “que tem que se transformar numa mudança na vida de todos os moçambicanos”.

Mogherini anunciou que o bloco europeu ainda “pretende financiar projetos com comunidades locais, para que cada cidadão tenha algo a se beneficiar com a paz”, uma ação que contribuirá para que haja uma paz duradoura.

A representante destacou que Moçambique tem a responsabilidade de fazer o trabalho pela paz, mas também para que os cidadãos se beneficiem desse percurso, que pode contar com a organização em todas as etapas.

*Com apoio de Helvisney Cardoso, ONU Moçambique.