Rotas seguras de migração são essenciais para evitar tráfico humano, escravidão moderna e trabalho forçado
Novo relatório da Organização Internacional para as Migrações inclui propostas para resolver problema; pessoas mais vulneráveis incluem as que fogem da violência, de conflitos, crianças e adolescentes.
Um novo relatório da Organização Internacional para as Migrações, OIM, mostra a ligação entre migração e escravidão moderna e oferece recomendações aos governos para lidar com esse risco.
A pesquisa é realizada em parceria com a Iniciativa Walk Free da Fundação Minderoo, uma das maiores organizações filantrópicas da Ásia que se dedica à procura de soluções sustentáveis.
Vulneráveis
Os migrantes em maior risco são os que fogem da violência e conflito ou que foram deslocados da comunidade e família. Estão na mesma situação pessoas sem formas legítimas de emprego, estatuto legal ou proteção social, e migrantes que se deslocam ou trabalham através de canais irregulares.
Outros grupos vulneráveis incluem migrantes trabalhando em setores pouco visíveis, como trabalho no mar ou em casas particulares, ou em setores da economia que não são cobertos pelas leis de trabalho.
As crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis. O relatório diz que os governos devem oferecer melhores proteções, incluindo esquemas de reunificação familiar.
Tanto homens como mulheres são vulneráveis ao abuso, mas de maneiras diferentes. As mulheres enfrentam taxas mais elevadas de escravidão moderna no trabalho doméstico, na indústria do sexo e através do casamento forçado. Os homens, por sua vez, são mais propensos a serem explorados através do trabalho forçado na construção e setores de manufatura.
Riscos
O relatório afirma que algumas políticas podem aumentar a vulnerabilidade de certos grupos. Políticas que buscam banir ou limitar certas formas de migração podem ter consequências não intencionais, como atividades perigosas que passam a ser escondidas ou a detenção de pessoas vulneráveis em situações perigosas.
Em muitos países, pessoas que fazem recrutamento de trabalhadores estão sujeitas a pouca ou nenhuma regulamentação. Essa situação pode permitir a cobrança de taxas elevadas aos imigrantes, às vezes com altas taxas de juros.
Além disso, existem os vistos vinculados a trabalhos, que dão aos empregadores poder sobre as condições de vida de seus trabalhadores ou que impedem troca de emprego. O relatório diz que isso “pode criar um ambiente de dependência que pode ser prontamente explorado por empregadores sem escrúpulos.”
O chefe da Unidade de Assistência aos Migrantes Vulneráveis da OIM, Mathieu Luciano, disse que “sem ação para resolver as causas migração insegura e para aumentar a proteção e a assistência aos migrantes, muitos migrantes serão traficados e abusados de outra forma.”
Para ele, é “preciso fazer o trabalho duro de criar rotas seguras que reflitam melhor as realidades dos mercados de migração e trabalho.”
A diretora executiva da iniciativa Walk Free, da Fundação Minderoo, pediu “a todos os governos que criem caminhos de migração mais seguros, protejam as pessoas vulneráveis e reforcem a capacidade dos socorristas em situações de crise.”