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Bachelet: aumento de vítimas de ataques aéreos na Síria está sendo ignorado BR

Bachelet disse estar preocupada que a “contínua carnificina” na Síria “não esteja mais no radar internacional”.
© Unicef/UN0318979/Ashawi
Bachelet disse estar preocupada que a “contínua carnificina” na Síria “não esteja mais no radar internacional”.

Bachelet: aumento de vítimas de ataques aéreos na Síria está sendo ignorado

Paz e segurança

Chefe de Direitos Humanos da ONU destacou que pelo menos 10 locais diferentes em Idlib e Aleppo, tiveram vítimas civis como resultado de ataques aéreos somente nos últimos 10 dias; pelo menos 26 crianças teriam morrido nessas ações.

A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, fez um alerta nesta sexta-feira para a aparente indiferença internacional ao crescente número de mortes causadas por uma sucessão de ataques aéreos em Idlib e outras partes do noroeste da Síria.

Bachelet disse que “apesar dos repetidos apelos das Nações Unidas para que o princípio de precaução e distinção em sua conduta de hostilidades seja respeitado, esta última campanha implacável de ataques aéreos do governo e seus aliados continuou a atingir instalações médicas, escolas e outras infraestruturas civis como mercados e padarias.”

Para Bachelet, "esta é uma falha de liderança das nações mais poderosas do mundo."
Para Bachelet, "esta é uma falha de liderança das nações mais poderosas do mundo.", by Foto: ONU/ Laura Jarriel

Crimes de Guerra

A chefe dos direitos humanos acrescentou que "estes são objetos civis, e parece altamente improvável, dado o padrão persistente de tais ataques, que todos eles estejam sendo atingidos por acidente." Ela destacou ainda que “ataques intencionais contra civis são crimes de guerra, e aqueles que os ordenaram ou executaram são criminalmente responsáveis ​​por suas ações.”

Pelo menos 10 locais diferentes, oito em Idlib e dois na zona rural de Aleppo, tiveram vítimas civis como resultado de ataques aéreos somente nos últimos 10 dias. Essas ações teriam provocado a morte de no mínimo 103 civis, incluindo pelo menos 26 crianças.

Três dos ataques teriam ocorrido na quarta-feira, 25 de julho.

Comunidade Internacional

Bachelet disse estar preocupada que a “contínua carnificina na Síria não esteja mais no radar internacional”.

A alta comissária apontou que "várias centenas de milhares de crianças, mulheres e homens foram mortos na Síria desde 2011." Ela disse que “durante os primeiros anos desse conflito assassino, quando as vítimas eram dezenas, depois centenas, depois milhares, o mundo mostrou uma preocupação considerável com o que estava acontecendo”.

Agora, Bachelet enfatizou, “os ataques aéreos matam e mutilam um número significativo de civis várias vezes por semana, e a resposta parece ser um encolhimento coletivo, com o Conselho de Segurança paralisado pelo fracasso persistente de seus cinco membros permanentes em concordar em usar seu poder e influência para parar a luta e matança de uma vez por todas.”

Falha

Para ela, "esta é uma falha de liderança das nações mais poderosas do mundo, resultando numa tragédia em uma escala tão grande que parece que não conseguimos mais ser capaz de nos relacionar com ela."

A chefe de direitos humanos da ONU revelou que seu escritório documentou a morte de pelo menos 450 civis, incluindo os 91 mortos por ataques aéreos nos últimos 10 dias, desde que a última campanha do governo e seus aliados no noroeste da Síria começou há mais de três meses.

Bachelet apontou que sua equipe também continua a reunir informações sobre três ataques recentes, que teriam resultado em menos 11 vítimas civis. As ações teriam sido realizadas por grupos armados não-estatais em áreas controladas pelo governo, na cidade de Masyaf, em Hama, no dia 21 de julho, e nos bairros al-Hamadaniya e al-Jamiliya da cidade de Aleppo, nos dias 22 e 24 de julho.

Negociações

A chefe de Direitos Humanos da ONU finalizou dizendo que "as partes influentes, incluindo aquelas que concordaram em reduzir as hostilidades como parte do acordo de desescalada, devem usar urgentemente sua influência para deter a atual campanha militar e trazer as partes em conflito de volta à mesa de negociações."

Para ela, “é essencial que haja uma cessação das hostilidades para dar às negociações políticas em andamento espaço para respirar.” Bachelet acrescentou que “a alternativa é apenas mais mortes sem sentido e a destruição em uma guerra sem fim.”