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1,1 bilhão de pessoas fumam no mundo BR

Jovem fuma nas ruas de Timor-Leste
Foto ONU: Martine Perret
Jovem fuma nas ruas de Timor-Leste

1,1 bilhão de pessoas fumam no mundo

Saúde

5 bilhões de pessoas vivem em países com medidas anti-tabaco, um número que quadruplicou em 10 anos; Rio de Janeiro teve lançamento do relatório da Organização Mundial de Saúde; Brasil foi o segundo país do mundo a implementar todas as medidas recomendadas pela agência ao mais alto nível.

Cerca de 5 bilhões de pessoas vivem hoje em países com medidas anti-tabaco, como avisos nas embalagens e proibição de fumo em certos locais. No total, são quatro vezes mais pessoas vivendo em países com estas medidas do que há uma década.

A conclusão é do 7º relatório da Organização Mundial de Saúde, OMS, sobre a epidemia global do tabaco que foi publicado esta sexta-feira no Rio de Janeiro.

Mulher nepalesa, na aldeia Sawa Khola, distrito de Mugu, faz pausa no trabalho para fumar
Mulher nepalesa, na aldeia Sawa Khola, distrito de Mugu, faz pausa no trabalho para fumar, Unicef/UNI62107/Brian Sokol

Brasil

Apesar dos avanços, a agência afirma que muitos países ainda não fazem o suficiente, incluindo ajudar as pessoas a desistir deste vício.

Este tipo de ajuda é o foco do relatório de 2019. A OMS diz que o Brasil foi o segundo país, depois da Turquia, a implementar todas as medidas recomendadas pela agência ao mais alto nível, conhecidas como Mpower.

Desde o último relatório, publicado em 2017, o Brasil foi um dos 10 Estados que subiu os impostos sobre o produto para representar pelo menos 75% do preço de venda ao público. No mesmo período, Timor-Leste foi um dos 14 países que adotou avisos gráficos nas embalagens.

Recomendações

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que os governos devem fazer com que os serviços de apoio para desistir do tabaco façam parte dos seus esforços de cobertura universal se saúde.

O chefe da agência disse que “desistir de fumar é uma das melhores coisas que qualquer pessoa pode fazer pela sua saúde.” Segundo ele, “as medidas Mpower dão aos governos ferramentas práticas para ajudar as pessoas a desistir do vício, somando anos de vida.”

Neste momento, 2,4 bilhões de pessoas vivem em países com estes serviços. São mais 2 bilhões de habitantes do que em 2017. Ainda assim, apenas 23 países oferecem este recurso ao mais alto nível.

Bath, de 80 anos, fuma tabaco que ele cultiva em Ban Naseur, no Laos
Bath, de 80 anos, fuma tabaco que ele cultiva em Ban Naseur, no Laos, by Unicef/UNI109337/Rachel O'Brien

Epidemia

A epidemia de tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano.

O embaixador global para as Doenças Crônicas, Michael R. Bloomberg, disse que o relatório mostra aos governos de todo o mundo o caminho a seguir. Segundo ele, “mais países estão fazendo o controle do tabaco uma prioridade e salvando vidas, mas ainda existe muito trabalho para ser feito.”

O relatório, financiado pela fundação Filantropia Bloomberg, mostrou que 116 países cobrem de forma total ou parcial estes serviços e que outros 32 tem estes serviços disponíveis, mas são pagos pelo beneficiário. Segundo a pesquisa, isto mostra uma alta procura do público para desistir de fumar.

O uso de tabaco tem descido de forma proporcional na maioria dos países, mas o aumento da população significa que o número de pessoas que fumam continua alto.

Neste momento, a estimativa é que existam 1,1 bilhão de fumadores e que 80% dessas pessoas vivam em países de renda baixa ou média.

Progresso

5 bilhões de pessoas vivem em países com medidas anti-tabaco

Mais de metade da população, 3,9 bilhões de pessoas vivem hoje em regiões onde o tabaco é vendido com avisos gráficos sobre os riscos nas embalagens. Esta é a medida Mpower mais adotada em todo o mundo.

A aplicação de impostos superiores a 75% do preço total é a medida que atinge menos pessoas. Ainda assim, foi a que mais cresceu entre 2017 e 2019, passando de 8% para 14% da população. A OMS diz que esta é a forma mais eficiente de reduzir o consumo do tabaco.

Desde 2017, o número de países de baixa renda que implementam alguma destas medidas passou de apenas três Estados para 34. Segundo a agência, isto mostra que “o nível de rendimento não é uma barreira para as melhores práticas para controlar o tabaco.”