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Na Argentina, lontra-gigante retorna ao parque Iberá BR

Ariranha Alondra visita pela primeira vez o seu novo habitat
Rafael Abuín/Conservation Land Trust Argentina
Ariranha Alondra visita pela primeira vez o seu novo habitat

Na Argentina, lontra-gigante retorna ao parque Iberá

Clima e Meio Ambiente

Para Programa da ONU para o Meio Ambiente, primeira tentativa de reintroduzir mamífero extinto no país traz esperança para ecossistemas restaurados; iniciativa traz também maiores oportunidades de ecoturismo de vida selvagem.

Em junho de 2018, dois novos filhotes de jaguares nasceram no Parque Nacional Iberá, no norte da Argentina. A chegada dos animais foi considerada um marco nos esforços para trazer as espécies de volta à região após décadas de ausência.

Agora, o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, destaca que estão sendo tomadas medidas para reintroduzir a lontra-gigante, a Pteronura brasiliensis. 

Fotografia de drone mostra o local onde os animais irão viver na Lagoa Paraná, na ilha de San Alonso
Fotografia de drone mostra o local onde os animais irão viver na Lagoa Paraná, na ilha de San Alonso, by Rafael Abuín/Conservation Land Trust Argentina

Alondra

Após um longo período em quarentena, Alondra, uma fêmea de oito anos do zoológico de Budapeste, na Hungria, foi reintroduzida nas áreas úmidas do Iberá. Por enquanto, ela está vivendo em um recinto feito sob medida de 800 metros quadrados na ilha de San Alonso, na província de Corrientes.

A iniciativa faz parte de um projeto pioneiro do Conservation Land Trust da Argentina, a fundação criada pela Tompkins Conservation, em parceria com a província de Corrientes e graças à colaboração de diversas entidades nacionais.

Extinção

Juntamente com a caça ilegal e o desenvolvimento costeiro, a construção de barragens de grande porte contribuiu para a extinção local da espécie em meados do Século 20. Agora, a lontra gigante, que também é conhecida como ariranha, está globalmente ameaçada e extinta na Argentina.

Nas poucas áreas em que o animal é atualmente encontrado, incluindo o Pantanal brasileiro e a região amazônica, ele se tornou uma importante atração turística.

De acordo com a presidente da Tompkins Conservation e patrona das Áreas Protegidas das Nações Unidas, Kristine Tompkins, a chegada das ariranhas marca um passo significativo para a recuperação das terras húmidas Iberá.

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Parque

O Parque Nacional Iberá confina com uma área protegida muito maior, de 553 mil hectares do Parque Provincial Iberá. Com isso, se tem uma enorme faixa contígua de parque, centrada em uma das maiores áreas úmidas de água doce da América do Sul.

Na Argentina, o Parque Iberá é a maior área natural protegida do país.

O diretor de conservação do Conservation Land Trust da Argentina, Sebastián Di Martino, diz que o espaço oferece condições ideais para a reintrodução da ariranha e que estão em andamento planos de trazer mais lontras- gigantes para as áreas úmidas, com a meta de restabelecer a população.

Transportando Alondra desde o porto de San Nicolás para San Alonso.
Transportando Alondra desde o porto de San Nicolás para San Alonso. , by Rafael Abuín/Conservation Land Trust Argentina

Objetivo

Martino destaca que "o principal objetivo do projeto é que o Iberá continue a se tornar completo e funcional a partir de uma perspectiva ecológica, especialmente agora que as ameaças que originalmente levaram a ariranha à extinção não estão mais presentes."

Alcançando até 1,8 metro de comprimento, a ariranha é o maior mamífero aquático da região e a lontra mais longa do mundo. Caracterizada por uma cauda chata e a garganta branca, ela é geralmente ativa durante o dia e também é territorial.

As lontras-gigantes vivem em grupos familiares de até 15 indivíduos e subsistem principalmente do peixe.

O projeto tem planos de longo prazo para continuar até que uma saudável população de ariranhas possa se restabelecer na Argentina.

Pnuma

Para a chefe de Vida Selvagem do Pnuma, Doreen Robinson, "esta iniciativa da Tompkins Conservation, através de sua equipe argentina, o Conservation Land Trust, está trabalhando para garantir um futuro para as espécies ameaçadas." Ela disse que a agência da ONU está ansiosa para aprender com esse projeto e “poder informar outras atividades”.

O Pnuma planeja aumentar o seu foco na restauração em apoio à Década da ONU sobre Restauração de Ecossistemas 2021-2030, recentemente anunciada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.