Ciclones podem aumentar para 1,9 milhão o número de moçambicanos enfrentando insegurança alimentar
PMA destaca difícil situação que vai prevalecer até próxima safra prevista para março no país; cerca de 900 mil beneficiários são de áreas afetadas pelo ciclone Idai e 100 mil de regiões assoladas pelo ciclone Kenneth.
Desastres naturais podem fazer com que 1,9 milhão de pessoas tenham que enfrentar a insegurança alimentar na próxima estação de escassez em Moçambique, se não houver intervenção humanitária.
O alerta feito esta sexta-feira pelo Programa Mundial de Alimentação, PMA, é para o período que vai de outubro até março de 2020.
Segurança
Um relatório da agência aponta que 1,6 milhão de pessoas já enfrentam crise alimentar aguda em 63 distritos. A mais recente revisão da Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar, IPC, destaca a “difícil situação” que vai durar até a próxima safra no país com mais de 29 milhões de habitantes.
A agência anunciou que está sendo reavaliado o Plano de Resposta Humanitária para incluir este aumento nas necessidades.
O PMA tinha planos de ajudar mais de 560 mil por mês, de julho a outubro deste ano, com uma assistência voltada para a recuperação de áreas afetadas por ciclones e secas.
Mas à medida que as necessidades aumentam, a agência espera aumentar o número de beneficiários para 1,25 milhão por mês, durante a época de escassez, se recursos suficientes forem mobilizados em tempo hábil.
Choques
Moçambique foi afetado por fenómenos naturais consecutivos nos primeiros meses de 2019, que agravaram a segurança alimentar e nutricional da população.
Em janeiro, o país foi afetado pela tempestade tropical Desmond que provocou chuvas e inundações nas províncias centrais de Sofala, Tete e Zambézia. Em março, o ciclone Idai afetou a região destruindo muitas culturas que estavam prestes a serem colhidas além da infraestrutura agrícola.
Seis semanas depois, o ciclone Kenneth afetou a província de Cabo Delgado no norte do país. Desde abril, a área enfrenta padrões irregulares de chuvas e ataques de pragas que afetaram plantações de cereais.
Da assistência que se pretende fazer chegar a 1,2 milhão de pessoas, 900 mil estarão em áreas afetadas pelo ciclone Idai, 100 mil nas áreas afetadas pelo ciclone Kenneth e 250 mil pessoas nas áreas afetadas pela seca.
Recuperação
O PMA precisa de US$ 102 milhões nos próximos seis meses para executar o plano de recuperação baseado nas atuais necessidades, que incluem a resposta à seca e aos ciclones Idai e Kenneth.
A agência adverte que para prestar assistência adequada e atempada em Moçambique os recursos devem ser mobilizados agora face ao aumento das necessidades.