Estudo revela que 10,5 milhões de refugiados receberam assistência médica em 2018

Angola e Moçambique estão entre países analisados em nova pesquisa; relatório indica queda progressiva de índices de mortalidade no grupo de refugiados com menos de cinco anos de idade.
Cerca de 10,5 milhões de refugiados receberam assistência médica em 2018, graças a iniciativas de saúde pública promovidas pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e outros parceiros.
A informação foi publicada esta quinta-feira na Revisão Anual Global sobre Saúde Pública. A pesquisa envolve áreas como nutrição, água, saneamento e atividades de higiene para refugiados, candidatos a asilo e comunidades afetadas em 51 países.
Angola e Moçambique são os únicos lusófonos com populações refugiadas que têm sido acompanhados por implementarem a Estratégia de Saúde Pública, para assegurar água potável e serviços de saneamento e higiene aos beneficiários.
A avaliação é feita em casas e espaços públicos, incluindo mercados, escolas e centros de saúde. O documento constata que cada beneficiário recebe uma média diária de 20,2 litros de água.
Angola garante 22 litros desse recurso aos refugiados e Moçambique 20,2.
Em média, no mundo, 20 refugiados partilham a mesma latrina.
O relatório destaca ainda a continuação da queda de taxas de mortalidade entre refugiados com menos de cinco anos de idade nos progressos de 2018. A evolução foi de uma média de 0,4 por mil, todos os meses em 2017, para 0,3 no ano seguinte.
Esta situação ocorreu apesar de persistirem os fluxos de refugiados que no ano passado, que saíram para os países vizinhos partindo de Mianmar, do Sudão do Sul e da República Democrática do Congo.
Um avanço significativo ocorreu na inclusão dos refugiados nos sistemas nacionais de saúde. Mais países se esforçam em ampliar as oportunidades para incluir pessoas que pediram abrigo nos planos de seguro-saúde e em outros pilares da proteção social.
Em 37 nações de acolhimento, a maioria dos refugiados consegue se vacinar e tratar doenças como tuberculose, HIV e malária da mesma forma que os nacionais.
O alto-comissário assistente de Operações do Acnur, George Okoth-Obbo disse que os sistemas nacionais de saúde precisam de mais apoio do que nunca. Cerca de 84% dos refugiados vivem em regiões em desenvolvimento, onde os serviços básicos já estão sobrecarregados.
A meta da agência é garantir que os refugiados e as comunidades locais tenham acesso a cuidados de saúde essenciais.
No período analisado, continuaram sendo feitos esforços para promover e facilitar o acesso dos beneficiários a serviços abrangentes de saúde reprodutiva, incluindo a materna, a neonatal e ao planejamento familiar.
Em 80% dos países onde o Acnur apoia atividades de saúde, uma proporção de nove em cada 10 refugiadas teve partos em unidades de saúde com assistência qualificada. Esta medida reduz a mortalidade materna e neonatal.
No entanto, o relatório aponta a existência de surtos de doenças em áreas de acolhimento como principal preocupação para a saúde dos refugiados.
Ao longo do ano passado, funcionários de saúde pública do Acnur e parceiros deram resposta a situações que vão desde o aparecimento da difteria e suspeitas de sarampo no Bangladesh, até a casos de cólera e febre hemorrágica viral no Quénia e no Uganda.