Ebola na RD Congo é emergência em saúde pública de preocupação internacional
Diretor-geral da OMS pede ação conjunta para acabar com o atual surto que já matou mais de 1.670 pessoas; medida recomendada por grupo de especialistas teve em conta confirmação do primeiro caso em Goma, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, declarou esta quarta-feira que o surto de ebola na República Democrática do Congo, RD Congo, é uma emergência de saúde pública de preocupação internacional. Esta declaração significa que o surto é grave, repentino, incomum ou inesperado.
A situação de risco traz implicações para a saúde pública além da fronteira nacional do estado afetado e pode requerer ação internacional imediata.
Solidariedade
Falando em Genebra, o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, disse que é hora de o mundo perceber e redobrar os esforços de combate à doença. Segundo o representante, é preciso trabalhar em conjunto, em solidariedade com a RD Congo, para “acabar com o surto e construir um sistema de saúde melhor”.
Para o chefe da OMS, "foi feito um trabalho extraordinário, por quase um ano, nas circunstâncias mais difíceis". Ele disse que "todos devem aos profissionais que foram para o país para suportar o fardo, idos não apenas da OMS, mas também do governo, de parceiros e comunidades".
As declarações foram feitas na sequência de uma reunião do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional para o ebola na RD Congo que aconteceu em Genebra.
Para fazer a recomendação, o grupo de especialistas mencionou os recentes desenvolvimentos no surto, incluindo o primeiro caso confirmado no domingo em Goma. Na cidade oriental que faz fronteira com o Ruanda vivem quase 2 milhões de pessoas e tem uma grande circulação de viajantes do país e do mundo.
Resposta
A OMS anunciou que pelo menos 2.512 mil pessoas foram infectadas e 1.676 morreram devido ao surto declarado em agosto de 2018 nas províncias de Ituri e Kivu do Norte da RD Congo.
Na quarta reunião do Comitê de Emergência, o grupo de especialistas revelou desapontamento com atrasos no financiamento, que limitaram a resposta.
Os participantes também reforçaram que é preciso proteger os meios de subsistência das pessoas mais afetadas pelo surto, mantendo abertas as rotas de transporte e as fronteiras. É essencial evitar as consequências econômicas punitivas das restrições de viagens e comércio às comunidades afetadas.
Restrições
O presidente do Comitê de Emergência, Robert Steffen, disse que é importante que o mundo siga as novas recomendações.
Ele alertou que também é crucial que os Estados não usem a declaração de emergência internacional como um pretexto para impor restrições comerciais ou de viagens, o que "teria um impacto negativo na resposta e nas vidas e meios de subsistência das pessoas na região".
Quando o surto foi declarado, há quase um ano, foi classificado como uma emergência de nível 3. O escalão mais alto da OMS impulsionou o maior nível de mobilização da agência.
Apoio
As Nações Unidas também reconheceram a gravidade da emergência e aumentaram o nível do Sistema Humanitário para apoiar a resposta ao ebola.
O diretor-geral da OMS disse que as recomendações sobre o surto têm a ver com “mães, pais e crianças - muitas vezes famílias inteiras atingidas. Ele declarou que no centro dessas ações estão comunidades e tragédias individuais.
Tedros pediu ainda que a nova medida anunciada pela OMS não seja usada para estigmatizar ou penalizar as pessoas que mais precisam de ajuda internacional.