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Em Moçambique, Guterres pergunta “Quantos tiveram a casa destruída?” e todos levantam o braço

Secretário-geral António Guterres visita tendas temporárias usadas como salas de aula na escola 25 de junho na cidade da Beira, Moçambique. A escola foi destruída pela passagem do ciclone Idai.
ONU Moçambique
Secretário-geral António Guterres visita tendas temporárias usadas como salas de aula na escola 25 de junho na cidade da Beira, Moçambique. A escola foi destruída pela passagem do ciclone Idai.

Em Moçambique, Guterres pergunta “Quantos tiveram a casa destruída?” e todos levantam o braço

Clima e Meio Ambiente

Escola com centenas de crianças na segunda maior cidade de Moçambique continua a operar sem teto; chefe da ONU esteve com pessoas com deficiências que sofreram com o desastre natural da África Austral em décadas; secretário-geral visita campo de reassentamento.*

O secretário-geral da ONU, António Guterres, continua a visitar vítimas do ciclone Idai na cidade da Beira em Moçambique e esteve na Escola 25 de junho.

O diretor, Frederico Francisco, mostrou os estragos do ciclone que deixou a maioria das salas de aula sem teto. O Idai é considerado o mais violento ciclone a passar pela África Austram em décadas.

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Escola

No local, o chefe da ONU percorreu várias salas de aula, perguntando as crianças como tinha sido o ciclone e o que tinha feito na sua escola. 

A certa altura, perguntou quantas crianças tinham tido a sua casa destruída. Quase todas levantaram a mão. 

Guterres prometeu que a escola seria reconstruída e que ficaria “muito bonita.” Também explicou o que eram as Nações Unidas. 

“É um sítio onde se juntam todos os países para tentar resolver os problemas do mundo. Às vezes conseguem, às vezes não.”

Pessoas com deficiência

Ainda na escola, Guterres encontrou um grupo de pessoas com deficiências que sobreviveu ao desastre. Ouviu os testemunhos de uma pessoa com albinismo, amputada, paraplégica, deficiente auditiva, e a mãe de uma criança que vive com uma condição mental.

No final, disse: "a nossa obrigação é fazer de tudo para ajudar, sobretudo as pessoas mais vulneráveis, que sofreram mais com esta tragédia". 

Seguiu depois para o campo de Mutua que acolheu centenas de milhares de famílias.

Falando a jornalistas, durante o voo, Guterres disse que “já não é o pico da crise” causada pelos dois ciclones que afetaram o país, mas ainda é preciso destacar “a gravidade do problema e a necessidade da ajuda internacional.”

Campo de Mandruzi

Depois da escola, Guterres seguiu para o campo de Mandruzi, onde vivem mais de 375 pessoas.  O local está situado a 40 km da Beira.

O chefe da ONU acompanhou relatos de famílias que expressaram alegria por estar no campo, por se sentirem mais seguras do que nos locais onde viviam. As famílias mostraram as suas culturas, explicaram que as crianças estão a ter aulas e falaram sobre as suas maiores necessidades. 

O secretário-geral também visitou uma escola, onde as crianças cantaram para “o titio Guterres” e mostraram o que estão a aprender. No espaço seguro para crianças e mulheres, foi aberta uma excepção para permitir a entrada de um homem, o secretário-geral.

As mulheres partilharam aquilo que tinham perdido com o desastre natural e disseram que não querem ficar dependentes de ajuda.  Elas recordaram as suas antigas atividades, como costureiras e agricultoras, e disseram que apenas precisam de instrumentos “para voltar a ganhar a vida” com as suas próprias mãos. 

Aumentar a Solidariedade

Segundo o chefe da ONU, os dois ciclones no espaço de seis semanas são “uma demonstração clara do que as alterações climáticas estão produzindo.”

António Guterres disse que estes são “os dois aspetos principais” da sua “preocupação.”

“Aumentar a solidariedade para a reconstrução e alertar o mundo para que a evolução das alterações climáticas está a ser muito mais perigosa do que se pensava.”

(Em actualização)

*Alexandre Soares, enviado especial da ONU News em Moçambique.