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General brasileiro vê “grande iniciativa dos países” após realizar estudo sobre boinas-azuis BR

Carlos Alberto dos Santos Cruz, quando atuava como chefe das Forças Militares na Missão da ONU na República Democrática do Congo.
Foto: Monusco/Sylvain Liechti
Carlos Alberto dos Santos Cruz, quando atuava como chefe das Forças Militares na Missão da ONU na República Democrática do Congo.

General brasileiro vê “grande iniciativa dos países” após realizar estudo sobre boinas-azuis

Paz e segurança

Estudo do ex-comandante de forças de paz na RD Congo ajudou a criar estratégia para reduzir perigos de forças de paz; oficial recomenda motivação, iniciativa e autonomia de pensamento para entrada de mais boinas-azuis mulheres. 

O general da reserva brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz participou na Conferência da ONU de Chefes de Defesa, após ter liderado um relatório sobre o aumento da segurança nas missões de paz. 

O estudo foi divulgado no ano passado pelo secretário-geral, António Guterres, e fez parte das questões tratadas no evento que termina esta sexta-feira em Nova Iorque. 

A presença internacional está há 20 anos no território congolês.
General brasileiros liderado um relatório sobre o aumento da segurança nas missões de paz. , by Foto ONU/Sylvain Liechti

Estratégia  

Falando à ONU News, o oficial brasileiro disse ter havido avanços após a condução de sua pesquisa, que foi a base de uma estratégia para reduzir perigos enfrentados pelos boinas-azuis. 

“Hoje a gente já vê uma grande iniciativa dos países contribuintes no terreno. Você vê o treinamento dentro da área das missões para aumentar a especialização do pessoal, tem várias medidas que a ONU vem fazendo e eu tenho absoluta certeza que eles vão reforçar as realizações das missões de paz.” 

Questionado sobre um possível papel mais ativo na organização, Santos Cruz deixou o futuro em aberto mas declarou que não tem essa aspiração. 

Opções 

 “Eu sempre estive disponível a qualquer tarefa, particularmente aquelas ligadas à parte prática que a ONU desempenha no terreno, mas a ONU tem seus critérios, ela tem seus momentos e definições e eu não tenho pretensão nenhuma (mas estaria aberto para uma oportunidade?) sem dúvida nenhuma, não tenho nenhuma expetativa e nenhuma pretensão, qualquer tarefa que eu seja convocado eu vou me empenhar da mesma forma que eu sempre me empenhei. A ONU tem uma gama de opções e então, não é o caso de se ter qualquer pretensão.” 

A conversa também abordou o reforço da presença de mulheres nas forças internacionais. Essa é uma das questões de maior debate na ONU, cujo efetivo global das forças de paz é composto por 4% de soldados de paz de sexo feminino. 

O general da reserva brasileiro disse que o aumento de mulheres em missões de paz ultrapassa a mera necessidade de um “equilíbrio matemático de efetivos”.  

“Não é assim. Tem que entender a estrutura social dos países, o papel da família, como ela se organizam, tem que melhorar as condições de trabalho das mulheres no terreno. As condições de trabalho e até de habitação têm que ser mais apropriadas porque tem uma cultura de como organizar os campos, os acampamentos e as bases. Tudo isso tem que melhorar para que se possa atrair o público feminino para as missões de paz. A mulher tem outros encargos na sociedade, a família.” 

Receita de Sucesso

Carlos Alberto dos Santos Cruz disse ter observado a competência de várias boinas-azuis com quem operou na organização, onde também foi chefe das Forças Militares na Missão da ONU na República Democrática do Congo, Monusco. 

O oficial defende que haja mais estímulos para atrair mulheres para as operações de paz.  

Para o general da reserva, a receita de sucesso para elas inclui fatores “como motivação, iniciativa e independência no modo de pensar” para atuar nas operações de paz.