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RD Congo: ONU triplica ajuda para responder à segunda maior crise alimentar do mundo

Violência entre diferentes grupos étnicos assola a província congolesa de Ituri desde 2017
Unicef/MADJIANGAR
Violência entre diferentes grupos étnicos assola a província congolesa de Ituri desde 2017

RD Congo: ONU triplica ajuda para responder à segunda maior crise alimentar do mundo

Ajuda humanitária

Cerca de 13 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar em todo o país; número inclui 5 milhões de crianças com subnutrição aguda; país dos Grandes Lagos também regista surto de ebola e confrontos étnicos.

O Programa Mundial de Alimentos, PMA,  irá triplicar a ajuda na província de Ituri, na República Democrática do Congo, RD Congo. O objetivo é responder à segunda maior crise de fome do mundo depois do Iêmen.

Além do agravamento da fome, as comunidades no nordeste do país enfrentam um surto mortal de ebola e confrontos entre grupos étnicos. Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, estes confrontos mataram pelo menos 117 pessoas entre 10 e 13 de junho.

Crise

Zona de tratamento do ebola na província do Kivu Norte
Zona de tratamento do ebola na província do Kivu Norte, by Unicef/Tremeau

Falando a jornalistas em Genebra, esta terça-feira, o porta-voz do PMA afirmou que “as pessoas estão morrendo de fome, ou a subnutrição é tão grande que acabam morrendo.”

Hervé Verhoosel acrescentou que não existem dados precisos sobre o número de mortes por fome em Ituri. Apesar disso, 13 milhões de pessoas têm insegurança alimentar em todo o país, incluindo cinco milhões de crianças com desnutrição aguda.

A situação piorou devido ao aumento dos confrontos entre os pastores Hema e os agricultores Lendu, que expulsaram as pessoas de suas casas. Também contribui para a crise o aumento dos preços dos alimentos, a falta de rendimento e acesso a uma dieta variada, danos nas plantações causados por insetos e epidemias de doenças.

Violência

Verhoosel afirmou que "essa crueldade sem sentido acontece na época da colheita, onde os recém-deslocados tiveram que fugir de suas casas em aldeias rurais com muito pouco ou nada."

Segundo ele, “muitas vítimas desse aumento da violência estão subnutridas e foram forçadas a se mudar inúmeras vezes, buscam segurança nos centros urbanos e no mato.”

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, diz que violência entre grupos étnicos causou o deslocamento de 300 mil pessoas desde junho. Cerca de 7,5 mil pessoas cruzaram a fronteira para o Uganda, através do Lago Albert.

Ebola

As províncias de Kivu do Norte e Ituri também enfrentam o pior surto de ebola no país.

O PMA presta ajuda às pessoas infectadas com a doença e aos mais próximos, para evitar que façam viagens desnecessárias.

Desde o início do surto, em 1 de agosto de 2018, cerca de 2,3 mil pessoas foram infectadas. No total, morreram 1.571 pessoas.

Para ajudar 5,2 milhões de pessoas em todo o país nos próximos seis meses, a agência da ONU precisa de US$ 155 milhões, incluindo US$ 35 milhões para a resposta ao ebola.