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Acnur precisa de US$ 210 milhões para ajudar e proteger milhares de refugiados de África BR

De acordo com o Acnur, mulheres e meninas refugiadas, em particular, estão em risco de estupro e agressão sexual.
© Acnur/Georgina Goodwin
De acordo com o Acnur, mulheres e meninas refugiadas, em particular, estão em risco de estupro e agressão sexual.

Acnur precisa de US$ 210 milhões para ajudar e proteger milhares de refugiados de África

Migrantes e refugiados

Nova iniciativa pretende evitar que pessoas caiam nas mãos de traficantes ou contrabandistas; agência aponta aumento de pessoas sofrendo de problemas de saúde “extremamente precária” e trauma psicológico.

A Agência de Refugiados da ONU, Acnur, precisa de US$ 210 milhões para ajudar e proteger milhares de refugiados e outras pessoas que todos os anos viajam pelas regiões do norte de África Subsaariana.

Em pesquisa lançada esta quarta-feira em Genebra, a agência destaca que muitas delas sofrem nas mãos de traficantes ou contrabandistas e acabam sujeitas a terríveis abusos de direitos humanos.

Agências da ONU receiam que “seja muito tarde” para muitas pessoas em desespero.
Acnur calcula que mais de 500 pessoas morreram ou desapareceram no mar Mediterrâneo Central e Ocidental em 2019. Foto: Acnur/Hereward Holland

Contrabando

A agência calcula que pelo menos 507 pessoas morreram ou desapareceram no mar Mediterrâneo Central e Ocidental em 2019. Não é conhecido o número de pessoas que perdem a vida em rotas de contrabando e de tráfico antes de chegar ao mar, mas estima-se que seja “ainda maior”.

Os sobreviventes enfrentam abusos de direitos humanos em sua jornada desde a África Subsaariana até o norte da África, incluindo tortura, espancamentos, extorsão e escravidão forçada.

De acordo com a agência, mulheres e meninas, em particular, estão em risco de estupro e agressão sexual. Algumas dessas vítimas sofrem nas mãos de contrabandistas e traficantes há mais de um ano.

Contrabandistas

O Acnur quer criar um programa abrangente para evitar que as pessoas caiam nas mãos destes criminosos. A iniciativa também deve fornecer alternativas para viagens perigosas nos primeiros países de asilo e oferecer ajuda humanitária aos sobreviventes de violações de direitos humanos.

O apelo da agência é que os Estados resolvam o que se considera uma “lacuna perigosa na capacidade de resgate marítimo no Mediterrâneo”, e façam mais para desmantelar as redes de contrabando e tráfico.

O Acnur pede ainda que sejam responsabilizados os autores desses crimes através de mecanismos legais disponíveis.

Para enviado especial do Acnur para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, perante um cenário com mais de 15 conflitos no continente africano, milhares de pessoas continuarão se movimentando com expectativas muitas vezes irrealistas e mal informadas.
Para enviado especial do Acnur para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, perante um cenário com mais de 15 conflitos no continente africano, milhares de pessoas continuarão se movimentando com expectativas muitas vezes irrealistas e mal informadas., by Acnur

Para os refugiados, a agência sugere que haja mais esforços para desenvolver vias complementares para que estes encontrem soluções, incluindo “através de um acesso mais eficaz aos procedimentos de reagrupamento familiar”.

Expectativas

O enviado especial do Acnur para o Mediterrâneo Central disse que perante um cenário com mais de 15 conflitos no continente africano, milhares de pessoas continuarão se movimentando com expectativas muitas vezes irrealistas e mal informadas.

Para Vincent Cochetel, estas pessoas “enfrentam grave perigo e até a morte nas mãos de contrabandistas e traficantes”. Por isso, é preciso fazer mais para evitar que um maior número dessas pessoas caia nas mãos daqueles que buscam “lucrar com a vulnerabilidade e o desespero”.

O Acnur aponta para o aumento do número de pessoas sofrendo de problemas de saúde “extremamente precária” e de trauma psicológico.

Como resultado dessa situação, muitas pessoas que viajaram pela rota podem precisar de outras formas de proteção humanitária, porque não poderiam qualificar para adquirir o estatuto de refugiado.

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