Acnur precisa de US$ 210 milhões para ajudar e proteger milhares de refugiados de África BR

Nova iniciativa pretende evitar que pessoas caiam nas mãos de traficantes ou contrabandistas; agência aponta aumento de pessoas sofrendo de problemas de saúde “extremamente precária” e trauma psicológico.
A Agência de Refugiados da ONU, Acnur, precisa de US$ 210 milhões para ajudar e proteger milhares de refugiados e outras pessoas que todos os anos viajam pelas regiões do norte de África Subsaariana.
Em pesquisa lançada esta quarta-feira em Genebra, a agência destaca que muitas delas sofrem nas mãos de traficantes ou contrabandistas e acabam sujeitas a terríveis abusos de direitos humanos.
A agência calcula que pelo menos 507 pessoas morreram ou desapareceram no mar Mediterrâneo Central e Ocidental em 2019. Não é conhecido o número de pessoas que perdem a vida em rotas de contrabando e de tráfico antes de chegar ao mar, mas estima-se que seja “ainda maior”.
Os sobreviventes enfrentam abusos de direitos humanos em sua jornada desde a África Subsaariana até o norte da África, incluindo tortura, espancamentos, extorsão e escravidão forçada.
De acordo com a agência, mulheres e meninas, em particular, estão em risco de estupro e agressão sexual. Algumas dessas vítimas sofrem nas mãos de contrabandistas e traficantes há mais de um ano.
O Acnur quer criar um programa abrangente para evitar que as pessoas caiam nas mãos destes criminosos. A iniciativa também deve fornecer alternativas para viagens perigosas nos primeiros países de asilo e oferecer ajuda humanitária aos sobreviventes de violações de direitos humanos.
O apelo da agência é que os Estados resolvam o que se considera uma “lacuna perigosa na capacidade de resgate marítimo no Mediterrâneo”, e façam mais para desmantelar as redes de contrabando e tráfico.
O Acnur pede ainda que sejam responsabilizados os autores desses crimes através de mecanismos legais disponíveis.
Para os refugiados, a agência sugere que haja mais esforços para desenvolver vias complementares para que estes encontrem soluções, incluindo “através de um acesso mais eficaz aos procedimentos de reagrupamento familiar”.
O enviado especial do Acnur para o Mediterrâneo Central disse que perante um cenário com mais de 15 conflitos no continente africano, milhares de pessoas continuarão se movimentando com expectativas muitas vezes irrealistas e mal informadas.
Para Vincent Cochetel, estas pessoas “enfrentam grave perigo e até a morte nas mãos de contrabandistas e traficantes”. Por isso, é preciso fazer mais para evitar que um maior número dessas pessoas caia nas mãos daqueles que buscam “lucrar com a vulnerabilidade e o desespero”.
O Acnur aponta para o aumento do número de pessoas sofrendo de problemas de saúde “extremamente precária” e de trauma psicológico.
Como resultado dessa situação, muitas pessoas que viajaram pela rota podem precisar de outras formas de proteção humanitária, porque não poderiam qualificar para adquirir o estatuto de refugiado.