PMA começa suspenção parcial de ajuda humanitária no Iêmen
Programa Mundial de Alimentos diz que decisão foi tomada como último recurso após interrupção nas negociações de acordo; prioridade de agência da ONU continua a ser alimentar crianças, mulheres e homens mais famintos do Iêmen.
O porta-voz do Programa Mundial de Alimentos, PMA, disse que a agência “iniciou uma suspensão parcial das operações de assistência alimentar em áreas do Iêmen sob o controle das autoridades de Sanaa”
Em coletiva de impressa nessa sexta-feira em Genebra, Hervé Verhoosel destacou que “a decisão foi tomada como último recurso depois que foram interrompidas as longas negociações sobre um acordo que buscava introduzir controles para impedir o desvio de alimentos de algumas das pessoas mais vulneráveis do Iêmen.”
Prioridade
O porta-voz apontou que “a prioridade do PMA continua a ser a de alimentar as crianças, as mulheres e os homens mais famintos do Iêmen.” Ele disse que, “como em qualquer zona de conflito, alguns indivíduos procuram lucrar se aproveitando da vulnerabilidade e desviando alimentos para longe de onde são mais necessários.”
A agência da ONU busca o apoio das autoridades de Sanaa para introduzir um sistema de registro biométrico que evite o desvio e proteja as famílias iemenitas que recebem ajuda, garantindo que a comida chegue àqueles que mais precisam.
Acordo
Verhoosel lamentou que as partes ainda estejam tentando chegar a um acordo. Ele disse que a integridade da operação da agência “está sob ameaça” e que a responsabilidade da agência para com aqueles que estão recebendo ajuda “foi prejudicada”.
O porta-voz disse ainda que o PMA tem apelado repetidamente às autoridades de Sanaa para que seja concedido o espaço e a liberdade para operações de acordo com os princípios de humanidade, imparcialidade, neutralidade e independência operacional, que orientam o trabalho da agência em 83 países ao redor do mundo.
Distribuição
Verhoosel apontoou que “muitos iemenitas sofreram por longo tempo durante o conflito em curso.” Ele destacou que o PMA continuará “a buscar a cooperação das autoridades de Sanaa” e que a agência continua otimista “de que um caminho a seguir possa ser encontrado.”
De acordo com o porta-voz, o PMA está pronto “para retomar imediatamente as distribuições de alimentos” quando for estabelecido “um acordo sobre um exercício de identificação de beneficiários independente e a implantação de um sistema de registro biométrico.”
Suspensão
Nesta fase, com o apoio de todo o sistema das Nações Unidas, o PMA está suspendendo o fornecimento de ajuda apenas na cidade de Sanaa, afetando 850 mil pessoas. Durante o período de suspensão, a agência manterá programas de nutrição para os necessitados incluindo “crianças, grávidas e mulheres que estão amamentando.”
A população no Iêmen atualmente é de cerca de 30 milhões de pessoas. Segundo o PMA, 20,1 milhões destas pessoas sofrem com insegurança alimentar, dos quais quase 10 milhões enfrentam insegurança alimentar severa e não sabem de onde virá a próxima refeição.
Assistência
Nos últimos meses, o PMA tem prestado assistência alimentar a mais de 10 milhões de pessoas. No mês de maio, a agência ajudou 11,3 milhões de pessoas.
Verhoosel destaca que “o objetivo da agência é alimentar por mês 12 milhões das pessoas mais vulneráveis e com insegurança alimentar, o dobro de 2018.” Destes, cerca de 9 milhões estão em áreas controladas pelos combatentes houthis.