Metade da população centro-africana enfrenta insegurança alimentar

PMA alerta que 1,8 milhão de pessoas estão em risco; conflito, insegurança, deslocamento da população e elevados preços dos alimentos agravam fome; mais de 620 mil pessoas foram forçadas a sair de casa tornando-se ainda mais vulneráveis.
Mais de 1,8 milhão de pessoas na República Centro-Africana, quase metade da população do país, estão em situação de grave insegurança alimentar.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentação, PMA, estas pessoas não sabem de onde virá a próxima refeição durante a época de escassez que vai de maio até agosto.
Os dados são do Relatório de Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada, IPC, que fornece uma classificação da gravidade das emergências alimentares, usando padrões e linguagem comuns, numa escala com cinco níveis. O nível 1 classifica o stress mínimo em segurança alimentar, sendo o nível 5 classificado como catástrofe .
A publicação indica que dos 1,8 milhão de pessoas em crise, nível 3 do IPC ou acima, mais de 465 mil estão em condições de emergência, nível 4, durante a época de escassez.
Entre maio e agosto de 2019, 5 áreas com alta concentração de pessoas deslocadas, Bria, Kaga-Bandoro, Obo, Rafai e Zémio, vivem uma situação de emergência de insegurança alimentar.
Quase 1,35 milhão de pessoas, quase 30% da população analisada, estarão em grave insegurança alimentar, incluindo quase 274 mil pessoas em situação de emergência durante o período de colheita entre setembro e outubro de 2019.
Apesar de um acordo de paz assinado em Bangui, em fevereiro, as condições de segurança continuam voláteis com ataques regulares, principalmente nas cidades de Haut-Kotto, Haut Mbomou e Basse-Kotto.
Os grupos armados que não assinaram este acordo continuam incursões nas principais rotas de abastecimento e ao redor das grandes cidades, o que dificulta o acesso humanitário.
O PAM alerta que a violência e o conflito têm afetado o país durante muitos anos, por isso, o seu povo não pode ser esquecido. A agência pede à comunidade internacional que apoie os esforços regionais de paz e a assistência humanitária aos necessitados.
Mais de 620 mil pessoas foram forçadas a sair das suas casas e os seus meios de subsistência foram interrompidos. Elas são os mais afetados pela insegurança alimentar, de acordo com o IPC.
A assistência alimentar e nutricional do PAM é crítica para grupos como pessoas deslocadas internamente e refugiados que dependem exclusivamente da assistência humanitária para atender às suas necessidades alimentares. Todos os meses, o PAM atende cerca de 600 mil pessoas no país.