“Abuso sexual de idosos deve ser exposto”, apela especialista independente
Estudo sublinha que tema ainda é “tabu e invisível” e alerta para falta de dados estatísticos; responsáveis podem ser membros da família, parentes ou pessoas próximas das vítimas.
O abuso sexual e estupro de pessoas idosas é um assunto raramente discutido, no entanto, é uma realidade, diz a especialista independente sobre os direitos humanos dos idosos, Rosa Kornfeld-Matte.
As declarações foram feitas em Genebra, em vésperas do Dia Mundial da Consciencialização da Violência contra as Pessoas Idosas, marcado a 15 de junho. A especialista avisa de que é preciso prestar mais atenção e denunciar casos suspeitos.
Tabu
Kornfeld-Matte afirma que a maioria dos abusos não é detectada nem relatada, mesmo quando há sinais de alerta claros.
Para ela, este tema ainda é “tabu”, em grande parte “invisível” e poderá agravar-se com o envelhecimento das sociedades.
A especialista reconhece que, sem dados estatísticos e estudos suficientes, não é possível ter “uma estimativa da dimensão do problema.”
Um dos desafios é reconhecer que, muitas vezes, os autores não são desconhecidos mas antes membros da família, parentes ou pessoas próximas.
Para a especialista, este mito é sustentado porque a sociedade “não aceita o conceito de sexualidade na velhice e, portanto, a ideia de que uma mulher mais velha pode ser alvo simplesmente por ser mulher.”
Desafios
Estereótipos negativos, como o fato dos idosos não terem atividade sexual e a sua maior dependência dos outros são algumas das barreiras à denúncia e prevenção.
Kornfeld-Matte considera que apesar das severas consequências para a saúde, os esforços para prevenir e enfrentar os abusos “permanecem inadequados.”
Outro desafio do abuso sexual de pessoas idosas é a destruição de provas criminais, muitas vezes feita por vergonha e por receio de tornar pública uma situação de abuso.
Sinais
Kornfeld-Matte destaca que, muitas vezes, o comportamento de uma pessoa mais velha, mesmo com demência, pode identificar e dar sinais de abuso. Por isso, para a especialista é importante poder “ouvir e observar.”
Uma condição fundamental para que haja mais denúncias e a identificação de abusos é que todos estejam cientes que o abuso sexual de pessoas idosas é uma realidade.
A especialista lembra ainda que não só a família, mas também funcionários em hospitais e centros de cuidados, devem estar cientes da existência de agressão sexual. Ela destaca que é seu dever relatar qualquer suspeita de agressão sexual em tempo útil, enquanto prestadores de cuidados.