Portugal destaca “papel muito importante” das Nações Unidas na Venezuela
Ministro dos Negócios Estrangeiros participou em encontro de chefes da diplomacia na sede da ONU; Augusto Santos Silva diz que coordenação da ONU da ajuda humanitária é boa notícia e que ainda não chegou fase de mediação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse esta segunda-feira que o “papel das Nações Unidas é muito importante no domínio da ajuda humanitária” durante a crise na Venezuela.
Augusto Santos Silva participou em um encontro na sede da ONU, em Nova Iorque, que juntou representantes do Grupo de Lima, do Grupo de Contato Internacional e a alta-representante da União Europeia, UE, para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini.
Crise humanitária
O ministro português disse que houve progressos positivos nos últimos meses em relação à crise econômica e social que afeta os venezuelanos.
“A ação humanitária é o domínio em que tem havido progressos efetivos. Finalmente, o regime de Maduro reconheceu a crise humanitária que se vive na Venezuela e, finalmente, todas as partes perceberam que a intervenção humanitária que nós precisamos é aquela que segue os princípios internacionais, que é neutra, do ponto de vista político, e que é independente, que é apenas humanitária.”
O representante de Portugal disse que “esse é um dos bons resultados” dos esforços internacionais, diante de “uma sucessão de dificuldades de toda a ordem que tem vitimado, imerecidamente, a população venezuelana.”
Política
Augusto Santos Silva também disse que a situação no país ainda não permite uma mediação internacional, mas sim um apoio aos mecanismos nacionais de resolução de conflitos.
“Em primeiro lugar, temos que notar que o Conselho de Segurança já tem, por mais do que uma vez, analisado a questão. Infelizmente, não tem conseguido chegar ao consenso necessário para tomar decisões. A nosso ver, do Grupo de Contato Internacional e da União Europeia, ainda não estamos em uma fase em que seja possível ativar uma mediação. Ainda estamos numa fase anterior, em que o objetivo possível é facilitar o processo político venezuelano.”
Para Augusto Santos Silva, pode ser necessária uma intervenção política das Nações Unidas, mas é preciso que exista um objetivo nessa participação.
“Estou certo de que as Nações Unidas, através dos seus órgãos competentes, seja o secretário-geral, seja o Conselho de Segurança, intervirão na medida das suas competências assim que as condições estiverem criadas para que essa intervenção faça sentido e tenha utilidade.”
Encontro
No encontro, também participaram os chefes da diplomacia do Canadá, Chrystia Freeland, do Peru, Néstor Popolizio, e do Chile, Roberto Ampuero.
Em uma declaração emitida no final da reunião, os Estados-membros afirmaram que “o impacto regional da crise exige que a região e a comunidade internacional tenham um papel mais ativo no apoio ao regresso da democracia à Venezuela.”
Também confirmam o “compromisso com uma transição pacifica que leve a realização de eleições livres e justas” e expressam “apoio a todos os esforços sendo realizados para atingir este objetivo.”