Guterres defende tributação da poluição, não das pessoas
Na Cimeira Mundial Austríaca R20, secretário-geral defende ainda que devem acabar os subsídios para os combustíveis fósseis; chefe da ONU considera ação climática benéfica para as pessoas, para o planeta e para as empresas
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse esta terça-feira que está claro que não há mais tempo a perder na resposta dos países à crise climática na reunião internacional que acontece em Viena.
Falando aos líderes que participam na Cimeira Mundial Austríaca R20, o chefe da ONU pediu que estes “não venham com discursos bonitos, mas que apresentem planos concretos para promover a ação climática” necessária.

Ambição
Guterres declarou que seu objetivo no evento era demonstrar uma maior ambição política nacional e coletiva.
Para o chefe da ONU é preciso tributar a poluição, não as pessoas, além de se acabar com os subsídios para os combustíveis fósseis. Ele afirmou que os contribuintes desejam o seu dinheiro de volta, em vez de o ver “usado para destruir o mundo”.
Guterres defende que é preciso descarbonizar a infraestrutura urbana, especialmente o transporte e os edifícios, e parar a construção de novas centrais de carvão “que envenenam o ar que respiramos”.
Outra necessidade é promover o consumo e a produção sustentáveis, além de “apoiar a agricultura inteligente” para que haja dependência de soluções baseadas na natureza e não de insumos químicos.
Economia
O secretário-geral disse que também é necessário fortalecer a resiliência das regiões e cidades em relação a impactos climáticos, adotar uma economia verde e não uma economia cinza “para ter uma sociedade verde, não uma sociedade cinzenta”.
O representante defendeu que a economia dos países esteja orientada para o futuro, não uma “economia do passado”.
Por essas razões, o pedido feito aos governos é que apresentem, até 2020, compromissos nacionais para a ação climática que sejam muito mais ambiciosos do que aqueles que foram anunciados em Paris.
No seu discurso, o chefe da ONU falou da recente viagem ao Pacífico Sul, onde na ilha de Tuvalu testemunhou como a região, de baixa altitude, enfrenta inundações devido ao aumento do nível do mar.

Mudança
O representante disse que em todo o mundo as pessoas estão perdendo suas casas e sendo forçadas a migrar por causa da mudança climática.
O discurso alerta que o nível do mar está subindo e fenômenos como inundações, secas, incêndios e tempestades extremas aparecem em todos os lugares.
O secretário-geral destacou a necessidade de água e ar mais limpos, menor poluição, de uma agricultura mais livre de produtos químicos e da necessidade de reduzir a perda de biodiversidade.
Uma economia que leve a uma sociedade pós-carbono é para Guterres “um caminho de desenvolvimento inteligente para o clima e pode proporcionar prosperidade inclusiva para todos em um planeta saudável”.
Mitigação
Guterres pediu que os países estejam na vanguarda das mudanças que são necessárias para esse propósito, e disse contar com os países na Cimeira do Clima de Nova Iorque agendada para setembro.
Na preparação do evento, o chefe da ONU disse que é necessário apoio internacional para atingir a meta de US $ 100 bilhões por ano, vindos de fontes públicas e privadas em países desenvolvidos, para avançar na mitigação e na adaptação no mundo em desenvolvimento.
Guterres pediu ainda que seja mostrado ao mundo que a ação climática é benéfica para as pessoas, para o planeta e para as empresas.