Perspectiva Global Reportagens Humanas

Ebola: ONU anuncia novas medidas para conter surto que já matou 1,2 mil BR

Cerca de 1,914 mil casos de ebola já foram relatados no segundo maior surto da doença na história na República Democrática do Congo.
Federação Internacional da Cruz Vermelha/ Sociedade do Vermelho Crescente
Cerca de 1,914 mil casos de ebola já foram relatados no segundo maior surto da doença na história na República Democrática do Congo.

Ebola: ONU anuncia novas medidas para conter surto que já matou 1,2 mil

Saúde

Centros de decisão e resposta instalados na ára congolesa de Butembo, em Kivu do Norte; reforço de ações inclui rápida identificação e tratamento; expansão da vacinação e mais atividades para acabar com a transmissão do vírus na RD Congo.

As Nações Unidas querem maior segurança para pacientes e profissionais de saúde, mais acesso à vacinação e que haja um “rosto mais humano” na resposta ao surto do ebola na República Democrática do Congo, RD Congo.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciou esta quinta-feira, em Genebra,  que no 10º mês do atual surto, iniciado na província do Kivu do Norte, “ainda ocorre um aumento de novos casos nas últimas semanas”.

Na República Democrática do Congo, a epidemia de sarampo afeta todas as 26 províncias do país e foram registradas mais de 5 mil mortes,
Enfermeira prepara uma cama para um paciente com suspeitas de ebola, no Hospital Bwera, na RD Congo. Foto: Unicef/UMichele Sibiloni

Surto 

Para fortalecer a resposta e acabar com as transmissões, o vice-representante especial da ONU, David Gressly, foi nomeado coordenador de Emergência para a Resposta ao Ebola da ONU e deve operar nas áreas afetadas.

As tarefas do representante incluem supervisionar e coordenar o apoio internacional, além de assegurar um ambiente propício em áreas como segurança e política, para permitir uma resposta ainda mais eficaz.

Mais de 1,2 mil pessoas morreram devido à doença que ainda “apresenta alto risco” de se alastrar para outras províncias no leste do Congo e para os países vizinhos. Um terço dos pacientes são crianças, o que também aumenta a preocupação em relação aos surtos anteriores.

Para Gressly, a resposta ao ebola vem ocorrendo em um ambiente operacional marcado por “uma complexidade sem precedentes para uma emergência de saúde pública”. Entre as razões para essa situação estão a insegurança e os protestos políticos que levaram a interrupções periódicas nos esforços de combate à doença.

Um trabalhador da OMS que combate o surto de ébola viajando de helicóptero para a área de Butembo.
OMS/Lindsay Mackenzie
Um trabalhador da OMS que combate o surto de ébola viajando de helicóptero para a área de Butembo.

Restrições

O representante apelou a uma resposta maior para superar essas restrições operacionais, que incluem transferir a alta liderança e a tomada de decisões para o epicentro da epidemia em Butembo. Justificando essa medida, Gressly disse que “não há mais tempo a perder”.

Neste momento, as ações de resposta ocorrem nas províncias orientais de Ituri e Kivu do Norte com desafios que incluem a insegurança contínua e a desconfiança da comunidade na resposta.

Esses fatores “tornam difíceis as ações para detectar as pessoas doentes e garantir o acesso ao tratamento e à vacinação, o que leva a uma transmissão mais intensa do ebola”.

Thomas Kakule Manole observa enquanto um sobrevivente do Ebola se preocupa com sua filha de uma semana, Benedicte, em uma tenda de isolamento em um centro de tratamento de Ebola em Beni
© Unicef/UN0264163/Hubbard
Thomas Kakule Manole observa enquanto um sobrevivente do Ebola se preocupa com sua filha de uma semana, Benedicte, em uma tenda de isolamento em um centro de tratamento de Ebola em Beni

Vacinação

O vice-diretor-geral da Resposta a Emergências da OMS, Ibrahima Fall, destacou que o “apoio internacional e sistêmico é exatamente o que a OMS tem pedido”.

Ele disse que a resposta ao surto deve ser de propriedade da população, e essa nova abordagem reflete as necessidades locais.

A OMS disse que adapta estratégias de saúde pública para identificar e tratar as pessoas o mais rápido possível, expandir a vacinação e proteger mais pessoas. A agência também reforça o trabalho para acabar com a transmissão em unidades de saúde.

Surto de ebola já matou mais de 2 mil na República Democrática do Congo