Em Dia Internacional, ONU aponta a fístula como violação dos direitos humanos

Até 100 mil novos casos da lesão ocorrem por ano em todo o mundo; cerca de 2 milhões de mulheres vivem com a condição; vítimas sofrem frequentemente de depressão e isolamento social.
Este 23 de maio marca o Dia Internacional para o Fim da Fístula Obstétrica, uma condição que afeta cerca de 2 milhões de mulheres em sua maioria na África Subsaariana, na Ásia, na região árabe, na América Latina e no Caribe.
De acordo com as Nações Unidas, entre 50 mil a 100 mil novos casos da lesão ocorrem em todo o mundo a cada ano.
Today is the International Day to #EndFistula. Obstetric fistula can largely be avoided by:➡️delaying the age of first pregnancy;➡️the cessation of harmful traditional practices; &➡️timely access to obstetric care.Maternal health matters: https://t.co/gzbQbUoLkL pic.twitter.com/zQwMwKhggS
UN_Women
Esta ruptura é uma das mais graves e trágicas que podem ocorrer durante o nascimento do bebê. A fístula é o aparecimento de uma lesão causada pelo trabalho de parto prolongado e obstruído, sem tratamento.
A fístula obstétrica pode ser prevenida e tratada na maioria dos casos com uma cirurgia reconstrutiva com taxas de sucesso de até 90% para casos menos complexos. O custo médio do tratamento que inclui cirurgia, cuidados pós-operatórios e apoio à reabilitação é de US$ 300 por paciente.
As Nações Unidas lembram que a fístula obstétrica é evitável com medidas como o atraso na idade da primeira gravidez, o fim de práticas tradicionais nefastas e o acesso oportuno a cuidados obstétricos.
A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, destaca que nenhuma mulher ou menina deve ser privada de sua dignidade, esperanças e sonhos. Para Natalia Kanem, a fístula é “uma violação dos direitos humanos” e deve acabar imediatamente.
Acompanhe no vídeo abaixo o trabalho do Unfpa no combate a fístula obstétrica em Moçambique:
Kanem aponta a vergonha, isolamento e a segregação como estando entre as indignidades enfrentadas pelas centenas de milhares de mulheres e meninas em todo o mundo que sofrem de fístula obstétrica.
O mais frequente sinal da condição é a incontinência crônica que resulta em estigma social devastador.
Kanem destaca que a maioria das doentes é pobre e a falta de capacidade de receber tratamento médico imediato não apenas as priva de sua saúde e dignidade, mas é uma violação de seus direitos humanos.
A agência tem um a campanha para acabar com a fístula que desde 2003, apoiou mais de 100 mil cirurgias de reparo.
Milhares de pessoas receberam capacitação em mais de 55 países da África, Ásia, região árabe e América Latina para recuperar a esperança e reconstruir suas vidas. As atividades foram realizadas com apoio de parceiros da agência.
As vítimas sofrem frequentemente de depressão e isolamento social, o que piora a pobreza. A ONU aponta que muitas mulheres vivem com essa condição por anos ou décadas porque não podem pagar o tratamento.
A organização declara ainda que a prevenção e o tratamento da fístula obstétrica contribuem para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número três, que pretende garantir vidas saudáveis, melhorando a saúde materna.