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Argélia e Argentina declaradas livres da malária BR

Pelo menos 11 dos 24 países que anunciaram ter interrompido a transmissão foram certificados como isentos de malária
Unicef/ Arjen van de Merwe
Pelo menos 11 dos 24 países que anunciaram ter interrompido a transmissão foram certificados como isentos de malária

Argélia e Argentina declaradas livres da malária

Saúde

Doença provoca cerca de 435 mil mortes por ano; Argélia é primeira nação africana que recebe essa certificação em mais de 40 anos; Opas defende que Argentina servirá como inspiração e exemplo para as Américas.

A Argélia e a Argentina foram declaradas livres da malária pela Organização Mundial de Saúde, OMS.

Os certificados foram apresentados aos representantes dos dois países pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em paralelo à 72ª sessão da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra.

Argentina relatou o último caso no país em 2010.
Argentina relatou o último caso no país em 2010. Foto: Banco Mundial/Nahuel Berger

Mortes

Por não registrarem novos casos em mais de três anos, os dois países se juntam a outras 36 nações do mundo que eliminaram a doença responsável por cerca de 435 mil mortes por ano.

Para o diretor-geral da OMS, a eliminação da doença nos dois países foi alcançada graças ao “compromisso inabalável e à perseverança das pessoas e líderes de ambos os países”.

O sucesso das duas nações serve como “modelo para outros países que trabalham para acabar com esta doença de uma vez por todas”.

De acordo com a OMS, o número de casos registrados no mundo aumentou em 3 milhões em 2017 para um total atual de 219 milhões.

Descoberta

Nos anos 60, a Argélia teve cerca de 80 mil casos por ano que caíram para quase 28 mil em 2000. O país não registra novas infecções desde 2013, sendo a primeira nação africana a ser declarada livre de malária em mais de 40 anos. As ilhas Maurícias eliminaram a doença em 1973.

A diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, lembrou que sendo a Argélia o país onde o parasita da malária foi descoberto em humanos há quase um século e meio, esse foi um marco significativo na resposta.

A descoberta foi feita pelo médico francês Charles Louis Alphonse Laveran em 1880.

 Com este avanço, a Argélia “mostrou ao resto da África que a malária pode ser derrotada por meio da liderança do país, ação ousada, investimento sólido e ciência. O resto do continente pode aprender com essa experiência”.

Menina com malária em Maganja da Costa, Moçambique
Unicef/UNO0255283/Chris Steele-Perkins
Menina com malária em Maganja da Costa, Moçambique

Vigilância

Já a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, destacou que a Argentina relatou o último caso nativo em 2010 e “demonstrou o compromisso, a capacidade dentro de seus sistemas de saúde, laboratório e vigilância, e o financiamento necessário para impedir o restabelecimento da malária no país”.

Carissa F. Etienne estar certa de que a Argentina servirá como inspiração e exemplo para outros países das Américas para se alcançar a eliminação da malária nos próximos anos.

Todos os anos, o número global de novos casos de malária ultrapassa os 200 milhões, sendo que a cada dois minutos, uma criança morre desta doença tratável.
OMS/ Mark Nieuwenhof
Todos os anos, o número global de novos casos de malária ultrapassa os 200 milhões, sendo que a cada dois minutos, uma criança morre desta doença tratável.