Agência da ONU considera suspender ajuda em áreas do Iêmen controladas pelos houtis
Programa Mundial de Alimentação diz que enfrenta vários obstáculos em áreas controladas pelos rebeldes houtis; decisão “será tomada como último recurso”; apoio a mulheres e crianças subnutridas continuará.
O Programa Mundial de Alimentação, PMA, disse esta segunda-feira que pode ser forçado a “tomar a difícil decisão de suspender em etapas as operações em áreas controladas pelos houtis” no Iêmen.
A agência afirma que o seu “maior desafio não vem das armas”, mas sim “do papel obstrutivo e não cooperante de alguns dos líderes houtis em áreas sob seu controle.”

Obstáculos
O conflito no Iêmen opõe a coalização do governo contra as forças rebeldes houtis. Os combates acontecem há mais de quatro anos e a crise humanitária no Iêmen é considerada a maior no mundo.
O PMA diz que o acesso a pessoas com necessidades foi negado, que comboios de ajuda foram bloqueados e que autoridades locais interferiram na distribuição de alimentos e colocaram repetidos obstáculos à seleção independente de beneficiários.
Além disso, foi negado um pedido para implementar um sistema de registro biométrico, que permitiria ao PMA identificar as pessoas com mais necessidades.
A agência diz que tudo “isso tem que parar.”
O PMA afirma que o conflito causou vários desafios, mas a agência “trabalhou com líderes para encontrar soluções que garantam que a comida chegue” às pessoas com necessidades. Apesar disso, as “negociações com líderes houtis” ainda “não produziram resultados tangíveis.”
A agência explica que alguns chefes houtis “assumiram compromissos positivos”, mas “estão sendo derrotados por outros líderes que quebraram as garantias dadas sobre o fim dos desvios de comida e o exercício de registro biométrico dos beneficiários.”
Ajuda

Em 2019, o PMA pretende alimentar cerca de 12 milhões de pessoas, quase metade do total da população, com um custo de cerca de US$ 175 milhões por mês.
O PMA diz que “está trabalhando incansavelmente para atender às necessidades de milhões de crianças, mulheres e homens iemenitas que estão ameaçados por uma potencial fome devido a conflitos.”
A agência diz que “muitas pessoas já não estão sendo alcançados por causa dos obstáculos que estão sendo colocados.”
O PMA explica que a suspensão “será tomada como último recurso” e que fará “tudo” para “garantir que os mais fracos e mais vulneráveis, especialmente as crianças, não sofram.”
As atividades dirigidas a crianças e mulheres continuarão mesmo durante uma suspensão. A agência diz que deve “isso ao povo do Iêmen e aos doadores internacionais que apoiam a operação.”
O PMA termina a nota esperando “que o bom senso prevaleça e que uma suspensão não aconteça” e afirmando que “a responsabilidade final pelo bem-estar de seu povo é da liderança iemenita.”
Por fim, a agência afirma estar pronta para fazer a sua parte e “garantir um futuro melhor para os milhões de iemenitas que lutam para alimentar suas famílias.”