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Moçambique: 300 mil pessoas ainda precisam de ajuda, três semanas após ciclone Kenneth

Centro de acolhimento temporário em Pemba, Moçambique
Unicef/UN0308863/De Wet
Centro de acolhimento temporário em Pemba, Moçambique

Moçambique: 300 mil pessoas ainda precisam de ajuda, três semanas após ciclone Kenneth

Ajuda humanitária

Organização Internacional para as Migrações, OIM, é uma das agências das Nações Unidas que presta ajuda no terreno; falta de abrigo é o maior obstáculo para o regresso de deslocados.

Cerca de 300 mil pessoas ainda carecem de assistência humanitária nas províncias moçambicanas de Cabo Delgado e Nampula, três semanas depois da passagem do ciclone Kenneth.

De acordo com o Governo de Moçambique, cerca de 45 mil casas foram danificadas ou destruídas pelo segundo ciclone a atingir a costa em 45 dias.

Criança em centro apoiado pelo Unicef em Dondo, Moçambique
Criança em centro apoiado pelo Unicef em Dondo, Moçambique, by Unicef/UN0305927/Oatway

Abrigos

 A Organização Internacional para as Migrações, OIM, é uma das agências das Nações Unidas que presta ajuda no terreno.

A agência falou com Regina e os filhos, uma das 300 famílias vulneráveis que recebe apoio de abrigo na ilha do Ibo. A moçambicana estava junto de uma pilha de escombros, no local onde antes estava a sua casa.

Regina disse que não ter “esperança de ter uma casa amanhã ou depois de amanhã.” Ela disse que não tinha “muitos pertences, mas as coisas que tinha de valor foram destruídas no ciclone.”

Ajuda

A OIM, junto com a ONG italiana Instituto Oikos e o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, instalam lonas em casas danificadas e abrigos temporários.

Regina mantém os seus poucos utensílios de cozinha na casa de um vizinho, para garantir que não sejam roubados. O seu abrigo temporário não tem porta.

Uma vizinha, Rute, disse que que "ninguém pode ajudar os outros, porque todos perderam as suas casas." Ela diz que no dia do ciclone “todos se tentaram salvar.” Ela fugiu “com os filhos nos braços” porque o vento era demasiado forte para as crianças andarem sozinha.

Abrigos

Katharina Schnoering, representante da OIM em Moçambique, aponta para necessidades de todas as agências que carecem de meios para ajudar.
Katharina Schnoering, representante da OIM em Moçambique, aponta para necessidades de todas as agências que carecem de meios para ajudar., by OIM

Quatro grupos da agência circulam pela ilha ajudando, em média, 40 famílias por dia. Cerca de mil famílias devem receber este tipo de assistência.

A chefe de missão da OIM Moçambique, Katharina Schnoring, disse que “ao falar com as comunidades afetadas, fica claro que o ciclone Kenneth esgotou os seus recursos limitados.”

A representante afirmou que “muitas famílias não têm certeza de como podem recuperar e precisam de apoio para administrar este período crítico.” Segundo ela, foi decidido junto com as autoridades moçambicanas e parceiros humanitários que a assistência de abrigo é uma prioridade.

Em todos os locais, as casas danificadas ou destruídas foram o principal fator que impedia o retorno às áreas de origem para as pessoas deslocadas. Os outros motivos eram acessibilidade, condições de vida desadequadas e repetição de eventos climáticos extremos.

Acesso

Esta semana, a OIM chegou ao distrito de Macomia, que foi fortemente afetado usando um helicóptero. As estradas foram danificadas e estão cobertas de árvores caídas.

A agência já entregou, através dos seus parceiros, cerca de 7 mil lonas plásticas em Macomia, ilhas do Ibo e Quissinga, na província de Cabo Delgado. Em Nampula, as áreas apoiadas foram Eráti e Memba

A OIM afirma que é difícil obter informações exatas sobre as populações afetadas, porque muitas comunidades ainda estão inacessíveis. As comunicações e a eletricidade ainda não foram restauradas.