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Situação continua “extremamente preocupante” no Sahel 

Secretária-geral assistente para África, Bintou Keita, no Conselho de Segurança
Foto: ONU/Loey Felipe
Secretária-geral assistente para África, Bintou Keita, no Conselho de Segurança

Situação continua “extremamente preocupante” no Sahel 

Paz e segurança

Em sessão do Conselho de Segurança, secretária-geral assistente da ONU para África disse que  população civil paga o preço mais alto da insegurança; Bintou Keita cita ameaça do terrorismo, crise humanitária e tráfico de pessoas, armas e drogas.  

A secretária-geral assistente das Nações Unidas para África, Bintou Keita, disse esta quinta-feira ao Conselho de Segurança que “a situação no Mali e no Sahel em geral continua extremamente preocupante.” 

Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel
Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel, by FAO/Giulio Napolitano

A representante disse aos Estados-membros que “a região está enfrentando sérios problemas, desde as mudanças climáticas e a seca até a crescente insegurança, extremismo violento, tráfico ilícito de pessoas, armas e drogas.” 

Desafios  

O Conselho de Segurança debateu a situação nesta região africana com a presença do diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, Yury Fedotov, e representantes da União Africana e União Europeia.  

Bintou Keita disse que “como sempre, a população civil paga o preço mais alto.” 

Segundo ela, grupos terroristas continuam a evoluir e se espalhar pelas fronteiras e a crise humanitária está piorando, com um número sem precedentes de escolas e centros de saúde fechados devido à insegurança. Além disso, inúmeros agricultores perderam outra temporada de plantio. 

Avanços 

A secretária-geral assistente disse estar “particularmente encorajada” pela retoma das operações da Força Conjunta Força Conjunta do G-5 Sahel em janeiro deste ano.  

A representante pediu que a Força “desenvolva um plano estratégico claro para os próximos meses e anos” que sirva para “facilitar o apoio da comunidade internacional.” 

Bintou Keita disse que os esforços para respeitar os direitos humanos “é outro desenvolvimento encorajador.” Nos últimos 12 meses, a Força Conjunta “reforçou de forma significa seus esforços para combater esse tipo de comportamento.” 

Delegação da ONU visita a sede do G5 em Mopti, depois de ser destruída por um ataque terrorista em junho.
Delegação da ONU visita a sede do G5 em Mopti, depois de ser destruída por um ataque terrorista em junho. , by Minusma/Harandane Dicko

Mudanças  

As Nações Unidas continuam a fornecer apoio operacional e logístico à Força, mas a representante disse que é necessário prever um modelo de apoio diferente. 

Ela convocou os Estados-membros do Conselho de Segurança “a considerar opções que permitam uma melhor previsibilidade do apoio financeiro e um planeamento mais eficaz a longo prazo.” 

Segundo a representante, “a Força Conjunta não pode arcar com o ônus de combater o terrorismo e estabilizar a região por conta própria”. Ela afirmou que “uma abordagem orientada pela segurança não será suficiente para combater a violência na região de maneira sustentável.” 

Bintou Keita defendeu o uso de “esforços coletivos e coordenadas” em uma “estratégia mais ampla que engloba a redução da pobreza, a boa governação, desenvolvimento e ajuda humanitária e operações de segurança.” 

A representante terminou dizendo que “o tempo para a ação é agora” e que “todos têm uma responsabilidade partilhada para com o Sahel”.  

Polícia 

No seu discurso, o diretor executivo do Unodc, Yury Fedotov, falou sobre a nova componente policial da Força Conjunta.  

Fedotov disse que esta mudança “representa um mecanismo importante e inovador para combater o terrorismo e o crime transnacional e restaurar a confiança ao mesmo tempo.” 

Para melhorar esta força, Fedotov disse que era preciso atuar em três áreas. Primeiro, recursos de investigação forense, depois coordenação com as autoridades nacionais, e, finalmente, aumentar a participação das mulheres.