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Experiência de refugiados é tema de exposição na Bienal de Veneza BR

Embarcação que afundou em 2015 causando a morte de pelo menos 800 refugiados exposta na Bienal de Veneza
Acnur/ Andrew McConnell
Embarcação que afundou em 2015 causando a morte de pelo menos 800 refugiados exposta na Bienal de Veneza

Experiência de refugiados é tema de exposição na Bienal de Veneza

Cultura e educação

Exibição mostra trabalhos de artistas internacionalmente reconhecidos e emergentes da Síria, do Irã, do Iraque, da Somália e da Ivory Coast;  evento também expõe barco que afundou no Mediterrâneo matando cerca de 800 refugiados e migrantes.

No principal espaço para exibições de Veneza, local conhecido como Arsenale, um barco chama a atenção de quem passa. É a exposição “Nosso Barco”, que mostra uma embarcação que afundou no Mediterrâneo em abril de 2015, matando cerca de 800 refugiados e migrantes.

O Governo italiano tirou o barco do mar e o artista suíço-islandês, Christoph Buchel, junto com seus colegas, trabalharam para que a embarcação chegasse à Bienal de Veneza para ser mostrada como um símbolo dos nossos tempos. Buchel explica que “os corpos foram removidos, mas que o barco é na verdade uma tumba e um ato de provocação artística.”

A Rothko em Lampedusa é uma outra exposição que acontece de forma paralela à Bienal e que também aborda a questão dos refugiados.
A Rothko em Lampedusa é uma outra exposição que acontece de forma paralela à Bienal e que também aborda a questão dos refugiados. , by Captura vídeo

Sobreviventes

A porta-voz da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, conta que conheceu os sobreviventes do naufrágio. Carlotta Sami lembra que eram “apenas 24 jovens, todos garotos trêmulos e com olhares fixos.”

Para a porta-voz, aquele “foi um momento trágico” que ficará na memória dela para sempre.

O tema da bienal deste ano, considerado o maior festival de artes do mundo, é “Que Você Viva em Tempos Interessantes”. O objetivo é provocar a reflexão sobre questões sociais, entre elas a resposta à crise dos refugiados na Europa.

Rothko em Lampedusa

A Rothko em Lampedusa é uma outra exposição que acontece de forma paralela à Bienal e que também aborda a questão.  Entre os trabalhos de artistas reconhecidos internacionalmente como Ai Weiwei e Richard Mosse, também estão obras de cinco artistas refugiados da Síria, do Irã, do Iraque, da Somália e da Ivory Coast, país conhecido como Costa do Marfim.

O nome da exposição é uma homenagem a Mark Rothko, que em 1913 emigrou para os Estados Unidos para fugir da perseguição. Ele fugiu do país que é agora a Letônia e acabou se tornando um dos artistas mais conhecidos do século XX.

A pequena ilha de Lampedusa, que fica entre a Sicília e a Tunísia, tem sido um importante centro de acolhimento de refugiados e é vista como um símbolo da crise dos refugiados.

A maioria dos quase 70 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo está hospedada em países em desenvolvimento. Mas, desde 2014, cerca de dois milhões de pessoas também buscaram asilo na Europa.

Arte

Para Carlotta Sami, a exposição é “uma forma de dignificar os seres humanos que são forçados a fugir.”

O trabalho apresentado pelos artistas emergentes aborda o tema dos refugiados de maneiras diferentes.  Majid Adin, que é do Irã e agora vive Londres, exibiu um vídeo de desenho animado de uma família que passou por uma perigosa viagem pela terra e pelo mar.

Já Mohammed Keita, que fugiu da Costa do Marfim, fotografa cenas de rua na Itália, país que vê como sua nova casa.
Rothko em Lampedusa ficará em exibição no Palazzo Querini até 24 de novembro.