Líbia: 454 pessoas perderam a vida em confrontos desde o início de abril
OMS denuncia ataques a ambulâncias; OIM alerta para insegurança crescente em Trípoli; confrontos colocam civis e deslocados em perigo; confrontos armados continuam pelo segundo mês.
A Organização Mundial de Saúde, OMS, informou que desde o início dos confrontos armados na região metropolitana de Trípoli, em 4 de abril, 454 pessoas perderam a vida. Além disso, 2.154 ficaram feridas e 66 mil pessoas foram deslocadas.
A OMS fez um balanço da situação humanitária do país e denunciou ainda que 12 ambulâncias foram atacadas.
Preocupações
A Organização Internacional para as Migrações, OIM, também está preocupada com a deterioração da situação humanitária na capital do país.
De acordo com a agência, há agora mais de 66 mil pessoas deslocadas, que correspondem a 13.310 famílias.
A OIM considera que os crescentes números de deslocados “são preocupantes” à medida que os combates se intensificam na ausência de um cessar-fogo humanitário.
A situação é especialmente alarmante para mais de 3,3 mil migrantes, entre eles crianças e mulheres grávidas.
Mais Assistência
Em nota, o chefe da Missão da OIM Líbia, Othman Belbeisi, enfatiza que apesar da assistência dada pela agência na região, é necessário fazer mais para garantir a segurança dos civis.”
O representante está preocupado “com a dramática deterioração da situação humanitária em Trípoli” e reitera que há uma “necessidade urgente de acabar com a detenção de migrantes na Líbia e impedir o deslocamento”.
A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, também mostrou a sua preocupação com a situação de segurança em Trípoli, com confrontos e ataques aéreos ocorrendo dentro e ao redor da cidade.
Segundo o porta-voz da agência, Charlie Yaxley, nos últimos dias, bombardeios aéreos e artilharia foram realizados em Ain Zara, Tajoura e perto do Aeroporto Internacional de Trípoli.
Em Genebra, o responsável alerta que as “necessidades humanitárias estão aumentando, à medida que alimentos e remédios são limitados e o movimento dentro da cidade é difícil.”
Detenções
Em 10 de maio, um barco que partiu de Zwara, na Líbia, naufragou na costa tunisiana matando 59 pessoas. Com este acidente, o número de mortos na rota do Mediterrâneo Central subiu para 316, desde o início do ano, e para 502 para todas as rotas do Mar Mediterrâneo.
Segundo a OIM, desde o início dos confrontos, 871 migrantes foram devolvidos à Líbia e detidos, elevando o número total de migrantes repatriados para aquele país para 2.813.
A OIM alerta ainda para os centros de detenção superlotados, onde as “condições não são aceitáveis.”
Retornos
Ao mesmo tempo que presta assistência médica, alimentar emergencial e apoio ao retorno voluntário aos migrantes que desejam voltar para casa, a agência reitera que “não pode garantir a proteção dos migrantes detidos, pedindo o fim urgente das detenções.
Apesar dos desafios de segurança, as intervenções de emergência da OIM continuam em 11 centros de detenção dentro e perto de Trípoli. Desde 4 de abril, 1.402 migrantes retornaram a 19 países de origem.
A OIM informou ainda que o Mecanismo de Resposta Rápida conjunto lançado pela OIM, o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, o Programa Mundial de Alimentos, PMA e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, chegou até agora, a 18.210 indivíduos. Além disso, 2.511 migrantes e deslocados receberam assistência de saúde.