Em Christchurch, Guterres pede ao mundo para “extinguir” discurso de ódio
Secretário-geral anunciou que equipe da ONU desenvolverá um “plano de ação global” para lidar com assunto; chefe das Nações Unidas disse que estava na cidade da Nova Zelância para transmitir amor, apoio e admiração à comunidade que perdeu 51 pessoas durante ataque em março.
O secretário-geral, António Guterres, encontrou-se esta terça-feira com a comunidade muçulmana da cidade de Christchurch, Nova Zelândia, onde homenageou as vítimas de ataques que há dois meses provocaram dezenas de mortes.
Pelo menos 51 muçulmanos perderam a vida ao serem alvejados em dois incidentes separados durante as orações de sexta-feira nas mesquitas de Linwood e Al Noor, em 15 de março.

Fogo Selvagem
Falando na mesquita Al Noor, Guterres pediu esforços generalizados para “extinguir” o discurso de ódio que segundo ele se espalha como “fogo selvagem” pelas redes sociais.
O chefe da ONU disse que deu ordens para a criação de uma equipe das Nações Unidas para melhorar a maneira como a organização lida com o discurso do ódio e desenvolver um “plano de ação global”.
Para Guterres, “o discurso do ódio se espalha e o discurso público está sendo embrutecido”. Ele destacou que as redes sociais são exploradas como uma plataforma para o fanatismo, e pediu a demonstração de solidariedade em resposta a esse “perigoso aumento do ódio”. Na visita anual de solidariedade ao Ramadã, Guterres disse não haver espaço para discursos de ódio online e offline.
Histórias
Guterres lembrou que o mundo todo foi tocado com as comoventes histórias de compaixão e graça de Christchurch.
Mas declarou que, de muitas formas, ele não ficou surpreendido com a comunidade que refletia um espírito de fé, de amor, de compaixão, de perdão e de misericórdia, o qual ele sempre soube que está profundamente enraizado no islamismo.
Guterres lembrou ainda que como alto comissário para Refugiados, testemunhou a generosidade de países muçulmanos ao abrirem suas fronteiras para pessoas em perigo, “em um mundo onde tantas outras fronteiras estão fechadas”.
O chefe da ONU lembrou ainda que essas ações vão de acordo com o que ele considera “a receita mais bela para a proteção de refugiados na história mundial”.

Presença
Expressando solidariedade às famílias dos falecidos, Guterres reconheceu não haver palavras para aliviar a mágoa, a tristeza e a dor que sentiam. Mas disse que sua presença no local era para transmitir amor, apoio e admiração total e completa em nível pessoal.
Ao terminar seu discurso, o secretário-geral disse que estava no local para dizer com todo o coração que a comunidade não estava sozinha, e que o mundo, as Nações Unidas e ele mesmo estavam com eles.