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Em Christchurch, Guterres pede ao mundo para “extinguir” discurso de ódio BR

Secretário-geral da ONU visita a comunidade muçulmana em Christchurch, na Nova Zelândia.
ONU/Mark Garten
Secretário-geral da ONU visita a comunidade muçulmana em Christchurch, na Nova Zelândia.

Em Christchurch, Guterres pede ao mundo para “extinguir” discurso de ódio

Paz e segurança

Secretário-geral anunciou que equipe da ONU desenvolverá um “plano de ação global” para lidar com assunto; chefe das Nações Unidas disse que estava na cidade da Nova Zelância para transmitir amor, apoio e admiração à comunidade que perdeu 51 pessoas durante ataque em março.  

O secretário-geral, António Guterres, encontrou-se esta terça-feira com a comunidade muçulmana da cidade de Christchurch, Nova Zelândia, onde homenageou as vítimas de ataques que há dois meses provocaram dezenas de mortes.

Pelo menos 51 muçulmanos perderam a vida ao serem alvejados em dois incidentes separados durante as orações de sexta-feira nas mesquitas de Linwood e Al Noor, em 15 de março.

Secretário-geral disse que estava no local para dizer com todo o coração que a comunidade não estava sozinha.
Secretário-geral disse que estava no local para dizer com todo o coração que a comunidade não estava sozinha. Foto: ONU/Mark Garten

Fogo Selvagem

Falando na mesquita Al Noor, Guterres pediu esforços generalizados para “extinguir” o discurso de ódio que segundo ele se espalha como “fogo selvagem” pelas redes sociais.

O chefe da ONU disse que deu ordens para a criação de uma equipe das Nações Unidas para melhorar a maneira como a organização lida com o discurso do ódio e desenvolver um “plano de ação global”.

Para Guterres, “o discurso do ódio se espalha e o discurso público está sendo embrutecido”. Ele destacou que as redes sociais são exploradas como uma plataforma para o fanatismo, e pediu a demonstração de solidariedade em resposta a esse “perigoso aumento do ódio”. Na visita anual de solidariedade ao Ramadã, Guterres disse não haver espaço para discursos de ódio online e offline.

Histórias

Guterres lembrou que o mundo todo foi tocado com as comoventes histórias de compaixão e graça de Christchurch.

Mas declarou que, de muitas formas, ele não ficou surpreendido com a comunidade que refletia um espírito de fé, de amor, de compaixão, de perdão e de misericórdia, o qual ele sempre soube que está profundamente enraizado no islamismo.

Guterres lembrou ainda que como alto comissário para Refugiados, testemunhou a generosidade de países muçulmanos ao abrirem suas fronteiras para pessoas em perigo, “em um mundo onde tantas outras fronteiras estão fechadas”.

O chefe da ONU lembrou ainda que essas ações vão de acordo com o que ele considera “a receita mais bela para a proteção de refugiados na história mundial”.

António Guterres deposita uma coroa de flores numa das duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, onde os fiéis foram mortos em março de 2019.
ONU/Mark Garten
António Guterres deposita uma coroa de flores numa das duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, onde os fiéis foram mortos em março de 2019.

Presença 

Expressando solidariedade às famílias dos falecidos, Guterres reconheceu não haver palavras para aliviar a mágoa, a tristeza e a dor que sentiam. Mas disse que sua presença no local era para transmitir amor, apoio e admiração total e completa em nível pessoal.

Ao terminar seu discurso, o secretário-geral disse que estava no local para dizer com todo o coração que a comunidade não estava sozinha, e que o mundo, as Nações Unidas e ele mesmo estavam com eles.