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Avanços em tradução automática são promissores para países de baixa renda

Sistemas com base em Inteligência Artificial permitem melhorar a qualidade das traduções
FAO/Giulio Napolitano
Sistemas com base em Inteligência Artificial permitem melhorar a qualidade das traduções

Avanços em tradução automática são promissores para países de baixa renda

Cultura e educação

ONU considera que linguísticas podem impedir educação, saúde e desenvolvimento económico; progressos em inteligência artificial melhoraram sistemas de tradução; com cerca de 2 mil idiomas, África pode ter benefícios com a tecnologia. 

A União Internacional de Telecomunicações, UIT, disse acreditar que os avanços tecnológicos que facilitam as traduções automáticas podem ajudar os países de baixa renda. 

Para a agência da ONU, o potencial dessas novas capacidades “é muito maior do que ajudar um turista a encontrar um museu ou restaurante durante as férias.” 

Prêmio 

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Segundo a UIT, nos países de baixa renda “as barreiras de idioma podem impedir de forma significativa a educação, a saúde, o desenvolvimento económico e até mesmo contribuir para a violência intercomunitária.”  

Em 2018, o Prêmio Turing, de US$ 1 milhão, foi para três cientistas que trabalham em inteligência artificial e conseguiram grandes avanços em áreas como visão computacional, reconhecimento de fala, processamento de linguagem e robótica. 

Para a UIT, um dos avanços mais interessantes é a tradução automática ou a capacidade dos computadores de traduzir entre idiomas, de uma forma muito mais precisas do que se pensava ser possível.  

Desafios 

A agência diz que o desafio é maior, por exemplo, em África, onde se falam cerca de 2 mil idiomas.  

Um estudo de 2006, por exemplo, mostra que um grande hospital pediátrico na Cidade do Cabo, na África do Sul, apenas 6% das entrevistas médicas com os pais dos pacientes eram realizadas em sua primeira língua.  

Outro estudo com foco no mesmo país, mostrou que o acesso à educação online poderia melhorar a vida das pessoas se a linguagem não fosse uma barreira. Cerca de 53,5% dos conteúdos na internet são em inglês, os 10 idiomas oficiais restantes da África do Sul compreendem apenas 0,1% do conteúdo online.  

Em um contexto humanitário, a ONG Tradutores Sem Fronteiras afirma que “frases básicas podem salvar vidas em uma emergência, mas muitas vezes a comunicação falha porque os trabalhadores humanitários e as pessoas afetadas não falam a mesma língua”. 

Avanços 

A UIT afirma que grandes avanços já foram feitos na implantação dessas novas tecnologias em África. A Google Neural Machine Translation, que oferece tradução entre inglês e 103 idiomas em todo o mundo, agora inclui tradução para 13 idiomas africanos.  

Ao mesmo tempo, permanecem desafios significativos. Para que os sistemas funcionem bem, precisam ter acesso a um volume considerável de texto já traduzido. Isso pode não ser um problema entre o inglês e chinês, mas é um obstáculo para muitas outras línguas.  

A agência da ONU afirma ainda que, devido aos avanços ​​nos últimos 15 anos, “a comunidade de computação mundial está animada para ver que inovações estão no horizonte e como essas tecnologias podem continuar a melhorar a condição humana.”