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ONU alerta que entre 40 e 50 bilhões de toneladas de areia são extraídas por ano

A extração deste recurso reduziu a distribuição de sedimentos dos rios em muitas áreas costeiras, levando à diminuição dos depósitos de sedimentos nos deltas dos rios, o que acelera a erosão de praias.
Pnud Somalia/Said Isse
A extração deste recurso reduziu a distribuição de sedimentos dos rios em muitas áreas costeiras, levando à diminuição dos depósitos de sedimentos nos deltas dos rios, o que acelera a erosão de praias.

ONU alerta que entre 40 e 50 bilhões de toneladas de areia são extraídas por ano

Desenvolvimento econômico

Relatório do Pnuma mostra riscos da exploração excessiva deste recurso natural; documento pretende início de um debate global sobre extração; relatório identifica melhores práticas existentes.

O Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, alerta que é necessária uma melhor gestão na extração e utilização de areia.

Segundo um relatório publicado esta terça-feira, a procura deste recurso natural tem vindo a crescer e já se situa entre os 40 e os 50 bilhões de toneladas por ano.

Relatório

Elementos de poeira podem impactar vida selvagem marinha, saúde humana e atividade econômica.
O relatório também dá conta que os recursos de areia e de cascalho são o segundo maior recurso extraído e comercializado em volume após a água.Banco Mundial/ Tom Perry

O estudo revela que sua extração dos rios tem causado o aumento da poluição e das inundações, além da diminuição de aquíferos e do agravamento da seca.

O relatório “Areia e Sustentabilidade: Encontrar novas soluções para a governação ambiental dos recursos globais de areia” evidencia como a mudança dos padrões de consumo, o crescimento populacional, o aumento da urbanização e o desenvolvimento de infraestruturas aumentaram a procura de areia nas duas últimas décadas.

Segundo o mesmo documento, a extração deste recurso reduziu a distribuição de sedimentos dos rios em muitas áreas costeiras, levando à diminuição dos depósitos de sedimentos nos deltas dos rios, o que acelera a erosão de praias.

A diretora executiva interina do Pnuma, Joyce Msuya, destaca que o consumo de areia é maior do que aquela que é produzida. Por isso, “é necessário gerir melhor este recurso crítico de forma sustentável e verdadeiramente demonstrar que a infraestrutura e a natureza podem andar de mãos dadas.”

Regulação

O relatório também destaca que os recursos de areia e de cascalho são o segundo maior recurso extraído e comercializado em volume após a água.

O Pnuma considera que o facto de a extração de areia estar regulada de forma muito diferente em todo o mundo faz com que regiões importantes para a biodiversidade e para os ecossistemas se tornem mais vulneráveis.

Para a agência, a extração de areia tem se tornado uma questão transfronteiriça, sendo que a extração insustentável do recurso não afeta apenas o meio ambiente, mas também pode ter implicações sociais de longo alcance.

Impactos

Segundo o Pnuma, a remoção de areia das praias pode prejudicar o desenvolvimento do turismo loca. Esta prática pode levar, por exemplo, a uma diminuição das populações de caranguejos e essa situação afeta negativamente as mulheres cujo sustento depende da coleta desses crustáceos.

O relatório alerta ainda que é necessária uma melhor gestão e regulamentação para atender à crescente demanda sem prejudicar o meio ambiente.

O estudo pretende ser o ponto de partida para um debate global sobre a extração de areia.

Monitoramento

Para conter a extração irresponsável e ilegal de areia, o relatório sugere padrões e melhores práticas existentes e recomenda o investimento em medição, monitoramento e planeamento da produção e do consumo de areia.

O documento incentiva ainda ao estabelecimento de diálogo entre as principais partes interessadas na cadeia de valor da areia.

Este relatório foi apresentado a formuladores de políticas na Assembleia do Meio Ambiente das Nações Unidas. Na sessão foi adotada uma nova Resolução de Governança de Recursos Minerais, incluindo para a gestão sustentável da areia.