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Dois jornalistas da Reuters foram postos em liberdade em Mianmar BR

O ano de 2019 mostra o número mais baixo do período analisado com 57 vítimas fatais.
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O ano de 2019 mostra o número mais baixo do período analisado com 57 vítimas fatais.

Dois jornalistas da Reuters foram postos em liberdade em Mianmar

Direitos humanos

ONU diz que medida é um “passo positivo para a liberdade de imprensa”; Kyaw Soe Oo e Wa Lone foram anistiados mais de um ano após terem sido detidos em Yangon; ambos investigavam alegações de abusos de direitos humanos em Rakhine.

As Nações Unidas saudaram esta terça-feira a libertação de dois jornalistas da Agência de Notícias Reuters. Kyaw Soe Oo e Wa Lone foram condenados a sete anos de prisão após uma investigação sobre a minoria rohingya em Mianmar.

Ambos foram amnistiados pelas autoridades birmanesas depois de terem sido detidos em Yangon, em 12 de dezembro de 2017. Nesse momento, eles investigavam alegações de violações de direitos humanos no estado de Rakhine.

Knut Ostby, coordenador humanitário de Mianmar.
Knut Ostby, coordenador humanitário de Mianmar. Foto: ONU

Sinal

O coordenador residente e humanitário da ONU em Mianmar, Knut Ostby, considerou a medida “um passo para melhorar a liberdade de imprensa” e um sinal do “compromisso do governo com a transição de Mianmar para a democracia”.

A libertação acontece cinco dias após a atribuição do Prêmio Mundial da Liberdade de Imprensa da Unesco/Guillermo Cano aos dois jornalistas, por recomendação de um júri internacional de profissionais de comunicação social.

A cerimônia foi realizada na ausência dos premiados na terça-feira passada em Addis Abeba, Etiópia, durante as celebrações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Inspiração

A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, também saudou esta decisão. Para Audrey Azoulay, a medida é um “alívio para eles, seus entes queridos e um passo positivo para a liberdade de imprensa”.

Em nota, emitida em Paris, a chefe da Unesco destaca que para o funcionamento das democracias “é essencial que os jornalistas possam cumprir sua missão sem medo de represálias”.

Azoulay realçou ainda a dedicação e a coragem de Kyaw Soe Oo e Wa Lone, a quem considera “uma inspiração para todos aqueles que lutam para defender a liberdade de imprensa”.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU destaca que apesar das “boas notícias” da soltura dos dois profissionais após mais de 500 dias sob custódia, eles “nunca deveriam ter sido condenados e presos, em primeiro lugar”.

De acordo com a porta-voz Ravina Shamdasani, um relatório do escritório publicado em setembro após à confirmação das sentenças contém “detalhes da terrível situação da liberdade de expressão em Mianmar”, que “ainda não mudou”.

Refugiados rohingya em Cox's Bazar
Acnur/Santiago Escobar-Jaramillo
Refugiados rohingya em Cox's Bazar

Dissidência

O documento menciona preocupações com “falhas” no processo judicial que levaram à condenação dos jornalistas, além do uso de “legislação restritiva... para limitar a liberdade de imprensa e silenciar a dissidência no país”.

Kyaw Soe Oo e Wa Lone foram colocados em liberdade juntamente com mais de 6.500 presos, como parte de uma amnistia anual na qual milhares de prisioneiros receberam o perdão de suas penas desde o mês passado.