Parteira ajudou três crianças a vir ao mundo durante ciclone Idai em Moçambique

Cerca de 67 mil grávidas vivem em áreas atingidas pelo primeiro dos dois desastres naturais que assolaram o país; Fundo das Nações Unidas para a População está ajudando esta população.
Uma parteira na cidade da Beira, em Moçambique, ajudou três crianças a nascer durante o ciclone Idai, que atingiu o país a 14 de março.
O Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, destacou a história de Adelaide Raul no Dia Internacional da Parteira, marcado no domingo.
A enfermeira e parteira que atua há 12 anos destacou que num desses momentos, “na hora do parto foi mais difícil porque começou a encher de água e não foi fácil.” Um objeto caiu na sua cabeça, mas ela disse que “não poderia desistir porque a mãe estava para dar parto.”
Uma das mães atendidas por Adelaide, Helena Nicolau, disse que ela e outras mães estavam em um quarto onde o teto parecia que ia cair, mas foram levadas para uma outra sala mais segura.
“A parteira ficou tomando conta da gente e pediu para juntamos as camas para ficarmos todas em um único lugar mais protegido. Elas nos ajudam como se o parto fosse delas mesmas. Vou dizer que ela me ajudou muito, muitíssimo e espero que possa ajudar as outras também, assim como me ajudou."
A profissional de saúde diz que “foi muito difícil, mas ninguém sofreu, nem o bebê.” Segundo ela, nenhuma mãe conseguiu dormir, ficando a segurar o bebê na mão até que a tempestade terminasse.
Apenas nas áreas atingidas pelo ciclone Idai, existem cerca de 67 mil grávidas. O Unfpa realiza uma série de ações de apoio, como distribuição de kits de maternidade, kits para parto e formação de parteiras.
A agência prevê que, nos três meses depois do ciclone, devem nascer 19 mil crianças. Mais de 3 mil mulheres podem estar em risco de vida com emergências relacionadas à gravidez.
No Dia Internacional da Parteira, o Unfpa “destacou a importância dessas mulheres que salvam mães e bebês.” Segundo a agência, “as parteiras têm papel fundamental na chegada de uma nova vida.”
A ONU afirma que as parteiras salvam milhões de vidas todos os anos. O mundo tem visto um declínio constante nas mortes maternas e neonatais desde 1990, em grande parte porque mais mulheres estão recebendo cuidados obstétricos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, OMS, cuidados de qualidade reduzem as taxas de mortalidade materna e neonatal em mais de 80%.
Apesar desses avanços, centenas de milhares de mulheres e recém-nascidos continuam a morrer todos os anos durante a gravidez e o parto. Segundo a ONU, em 2015, morreram 303 mil mulheres e cerca de 2,7 milhões de recém-nascidos.
O Unfpa afirma que a maioria dessas mortes é evitável. A grande maioria dessas mulheres perdeu a vida devido a complicações e doenças que poderiam ter sido evitadas com serviços pré-natais, de parto e pós-natal prestados por parteiras.